sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Professor de Rio das Ostras na mira dos poderosos



Apesar do terrorismo midiático empreendido pelos donos do poder de Rio das Ostras, de financiar matérias para distorcer e mentir sobre os acontecimentos, quem assistiu a manifestação do Grito dos Excluídos, no dia 7/9/2011, na Avenida Amazonas, em Rio das Ostras (RJ), testemunhou o sucesso do protesto, com o apoio entusiasmado do público presente. Os próprios guardas municipais, que formavam o cordão de isolamento, cumprindo ordens de seus superiores, discretamente hipotecaram solidariedade àquela manifestação pacífica de exercício da cidadania. Sussurravam: “Estamos com vocês! Vocês acham que nós estamos satisfeitos com a nossa situação?! Mas estamos de serviço. Não podemos nos prejudicar. Entendam isso”. Aliás, foi exatamente o apoio da população que assustou as autoridades lá presentes.


Diante de uma derrota, quando se sentem impotentes, os poderosos costumam reagir com extrema violência, mentindo e usando métodos típicos do que se convenciona a chamar de "guerra suja". A sensação de impotência os deixa desesperado. Exemplo disso é a coação e intimidação que os professores sofreram. E ainda vão sofrer.


Como professor do Colégio Municipal Professora América Abdalla, testemunhei as atitudes desesperadas daqueles comprometidos com os poderosos de Rio das Ostras para desarticular e deter participação de professores e alunos no Grito dos Excluídos. Aliás, depois do professor Gilberlan ser covardemente perseguido pela Secretária Municipal de Educação (SEMED), parece que serei a próxima vítima. Ontem, dia 8/9, fui informado da orquestração de um “plano” para tentarem me enquadrar aos ditames da regra do jogo da classe política eticamente falida desta cidade. Ouvir falar em processo, em aliciamento de pais e alunos para desqualificarem a minha pessoa. Todos que me conhecem sabem que exerço plenamente meu direito de liberdade de expressão, assegurados pela Constituição brasileira. Não falo pelas costas de ninguém. Minha opinião sobre o movimento do Grito dos Excluídos e sobre as atitudes lamentáveis assumidas pelos gestores das unidades escolares e demais autoridades encontra-se publicada no meu blog, com o título “Professores de Rio das Ostras vivem momento histórico”.



Tenho convicção da justeza das minhas escolhas. Me considero um comunista. Não apenas no discurso, mas procuro, e exijo de mim, ter coerência nas minhas ações, nos pequenos gestos do dia-a-dia. Evidentemente que estou longe da perfeição, mas me sacrifico a cada dia para honrar tudo aquilo que acredito. A minha criação familiar foi baseada na ideia do "pobre honrado", ou seja, sua dignidade (honestidade, honra, responsabilidade, ética, respeitabilidade, integridade, lealdade) não tem preço, você deve morrer ser for preciso, mas jamais permitir que ela seja maculada, violada. Eu absorvi muito este ensinamento. Por isso, vivo de forma que possa andar sempre de cabeça erguida. Até o presente momento, não tenho porque me envergonhar de mim, não me curvo a ninguém em troca de favores, sejam eles os mais tentadores possíveis, tenho a consciência do dever cumprido e continuo, inspirado em Olga Benario Prestes, a lutar pelo justo, pelo bom e pelo melhor do mundo, uma sociedade mais justa e igualitária.



São exatamente as minhas escolhas que me dão força para lutar. Sou tão bem resolvido com elas, acredito tanto nelas, que o único medo que tenho é não viver de acordo com as minhas escolhas, com tudo aquilo que acredito ser o certo. Não quero, não posso e não devo viver de joelhos para ninguém. Portanto, é melhor morrer de pé, do que viver de joelhos, já dizia La Pasionaria (valorosa combatente comunista na Guerra Civil Espanhola).



O preço a pagar é alto, mas também é meu trunfo. A despeito da retórica autoritária e das atitudes fascistas dos poderosos de Rio das Ostras, eles nunca conseguirão ver em meus olhos o medo. Solitário ou em grupo, eu não fujo da luta. Fala-se muito que aqui em Rio das Ostras, os donos do poder mandam matar seus desafetos. Estou tendo uma sobrevida de 7 anos e alguns meses, que é meu tempo de funcionário da prefeitura. Sinceramente, sem qualquer jogo retórico, NÃO TENHO MEDO. Perco a vida sem problemas, só não posso perder a minha razão de viver, abrir mão de tudo que acredito. Isso jamais. Lutar, lutar, lutar...



"No presente como no passado, não se pode mudar uma ordem política sem homens dispostos a resistir ao cárcere ou ao exílio." (Mariátegui)

"Alguns me consideram um demônio, outros quase um santo. Não quero ser mártir nem herói. Acredito ser simplesmente um homem médio, que tem suas convicções profundas e não as troca por nada no mundo." (Antonio Gramsci)


Rio das Ostras, 9 de setembro de 2011.

Marcos César de Oliveira Pinheiro
Professor de História do Colégio Municipal Professora América Abdalla

Um comentário:

  1. "Marcos tenho muito orgulho de você. Dou meu testemunho da sua total integridade com seus valores e ações. Estamos te apoiando. Eu estou te apoiando. Seria uma vergonha se eu não o fizesse."
    Helen Geny Gomes Leite, professora da Rede Municipal de Ensino de Rio das Ostras e lecionando no Colégio Municipal Professora América Abdalla desde 2004.

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