Quando não se tem um culpado, invente um. Poder ser o aluno ou o professor. Tanto faz, desde que não coloque em jogo a formação de uma população laboriosa, medíocre e cordata. Ora, a renovação radical do ensino não é uma questão exclusivamente técnica como acreditam os "cavaleiros andantes da Utopia". Quem são esses? São aqueles reformadores sociais e/ou aqueles educadores que pretendem um sistema público de ensino "neutro" ou "apolítico". A educação é permeável às tensões colocadas no âmbito global da sociedade pelos embates para a manutenção da hegemonia e para a construção de novas hegemonias (ou de contra-hegemonias). Uma efetiva educação de qualidade para todos, para além da falsa "meritocracia" da educação burguesa, só será alcançada em uma nova ordem social. Por isso, "seria prematuro dizer que os professores (...) em geral verdadeiramente se interessam por um debate de idéias. A maioria ainda está composta de indiferentes e de conformistas. Mas só a existência de uma minoria volitiva, que quer e exige uma renovação, anuncia o despertar de todo o corpo de professores" (José Carlos Mariátegui). Mudar a educação e fazê-la um dos fatores de transformações sociais efetivas e essênciais é conferir à escola um espírito revolucionário, articulada às lutas sociais do seu tempo, de superação da ordem vigente. Do contrário, é se perder no afã de "Todos pela Educação".
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