DOSSIÊ DA REVISTA TRICONTINENTAL
(Setembro de 2018)
A INSURREIÇÃO POPULAR
HAITIANA E A NOVA FRONTEIRA IMPERIAL
Em 1980, a revista Tricontinental, publicada pela Organização de Solidariedade com os Povos da Ásia, África e América Latina (OSPAAAL), dedicou sua edição no. 119 ao Haiti. Os editores escreveram: "Muito pouco se sabe sobre a luta do povo haitiano", pois os imperialistas "ergueram um muro de silêncio em torno do Haiti". "Apesar disso", escreveram os editores, "vozes que denunciam os assassinatos e a injustiça social no Haiti podem ser ouvidas sobre o muro, anunciando a disseminação da luta popular e clamando pela solidariedade mundial com ela".
Esses muros existem hoje. A compreensão genuína do povo raramente é vista de fora dos muros.
Nos dias 6 e 7 de julho, um estado de insurreição geral tomou todo o Haiti, em resposta à tentativa de aumentar o preço dos combustíveis pelo FMI e pelo governo nacional. O aumento de preço foi anunciado durante o popular jogo de futebol da Copa do Mundo entre o Brasil e a Bélgica. O governo esperava evitar o escrutínio público do aumento de preços. Nenhuma sorte para o primeiro-ministro Jack Guy Lafontant. Em poucas horas após o término do jogo, milhares de pessoas foram às ruas. Eles bloquearam as estradas e expressaram sua raiva contra as lojas que vendiam mercadorias inacessíveis para a maioria do povo.
O conflito, atualizou importantes debates de movimentos populares em relação à espontaneidade e organização, insurreições antineoliberais e a construção de sujeitos e alternativas emancipatórias. A dramática situação social haitiana, evidenciada pelos protestos, faz parte da atual fase da globalização neoliberal e das disputas interimperiais em relação a uma área de importância geoestratégica como o Caribe.
O nosso dossiê do Instituto Tricontinental de Pesquisa Social no. 8 (setembro de 2018) faz um balanço dos eventos que ocorreram neste verão no Haiti e em seu significado de longo prazo. O dossiê é baseado em relatórios da Brigada de Solidariedade Jean Jacques Dessalines do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e do Movimento Popular Patria Grande da Argentina. Somos gratos a eles por seu detalhado relatório prático e a Camille Chalmers, do Plateforme Haïtienne de Plaidoyer pour Développement Alternatif (Papda), bem como à Dra. Yvette Bonny por seu trabalho na crise da saúde no Haiti.
O dossiê completo pode ser acessado aqui.
Leia e compartilhe!
Instituto Tricontinental de Pesquisa Social
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