Por Marcos Cesar de Oliveira Pinheiro
Depois de sofrer ingerência do novo diretor de jornalismo da EBC (Empresa Brasileira de Comunicação), Ricardo Melo, ex-colunista da Folha de São Paulo, que ordenou a suspensão da entrevista de Anita Prestes no programa Observatório da Imprensa, que seria exibida no último dia 7/1/2016, o jornalista Alberto Dines, arauto da liberdade de expressão, capitulou diante da "decisão arbitrária" da TV Brasil. Disseram nos bastidores da emissora que Dines teria dito que foi "instrumento involuntário" do que classificou como uma "decisão arbitrária" e que, no momento, não teria "condições de fazer agora um protesto público".
Parece que a situação é tipo "ou dá ou desce". E o Alberto Dines resolve então contemporizar, apelando ao anticomunismo para, certamente, agradar o seu chefe Ricardo Melo. Em 48 horas, depois da intervenção da direção de jornalismo da TV Brasil no programa Observatório da Imprensa, Alberto Dines vai da indignação passiva ao conformismo ativo. Primeiro, teria entrado em contato, em 8/1, com a historiadora Anita Prestes para lamentar o ocorrido - "uma decisão arbitrária" - de que "a Professora foi vítima" e ele, Dines, um "instrumento involuntário". No dia seguinte, 9/1, o jornalista Alberto Dines publica na página do Observatória da Imprensa um artigo intitulado "O que deu errado III", em que desfia ataques, sem citar o nome, à historiadora Anita Prestes. Além da falta de elegância e respeito, já que havia se solidarizado com Anita, o jornalista Dines peca pela desonestidade intelectual, pois como apregoa um debate aberto e crítico deveria tê-lo feito durante a entrevista, questionando e suscitando discussões em torno do livro "Luiz Carlos Prestes: um comunista brasileiro", tema do programa para o qual a autora, Anita, foi convidada.
Tenho dúvidas, diante dos acontecimentos, de que a entrevista seja exibida. Mas se for, as pessoas poderão comparar a postura do jornalista Alberto Dines durante a entrevista com Anita Prestes e suas posições, assumidamente, anticomunistas no artigo publicado em 9/1/2016 na edição 884 do Observatório da Imprensa. No referido artigo, o Alberto Dines faz aquilo que a própria ditadura do Estado Novo e os "liberais" anti-Vargas, hegemônicos no processo de "redemocratização" de 1945, fizeram: nomear e definir estratégias do Partido Comunista com uma pátina de preconceito reacionário, reproduzido, desde então, nas páginas dos livros, nos meios de comunicação e até em setores da esquerda.
Fica evidente que o sr Ricardo Melo, diretor de jornalismo da EBC, responsável pelo conteúdo jornalístico de todos os veículos ligados à empresa, como a Agência Brasil e a TV Brasil, não quis correr o risco, como aconteceu no programa Espaço Público de 1°/12/2015, exibido ao vivo, de ver Anita Prestes fazendo uma defesa veemente do socialismo, um questionamento da "democracia liberal" e destacando a importância da organização popular na luta por transformações radicais da sociedade, na constituição do chamado "sujeito-povo", expressão não somente da soma numérica de diversos setores sociais, mas também portador de novos valores culturais e constituindo-se uma alternativa de poder.
CENSURA!!! Foi o que houve de fato.
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Eu não entendi este artigo.
ResponderExcluirEntendi.
ResponderExcluirEstou procurando a entrevista e não achei no youtube. Ela foi ao ar?
ResponderExcluir"O crime do a lei o cobre O Estado esmaga o oprimido Não há direito para o pobre Ao rico tudo é permitido. A opressão não mais sujeitos Somos iguais todos os seres Não mais deveres sem direitos Não mais direitos sem deveres"
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