Por Michael Löwy.
Antes da
proclamação da República francesa em 1792, o Rei tinha o direito
constitucional do Veto. Independentemente das resoluções da Assembléia
Nacional, e dos desejos e aspirações do povo francês, a última palavra
era sempre da Vossa Makestade.
Na Europa de
hoje, o Rei não é um Bourbon nem um Habsburgo. O Rei é o capital
financeiro. Todos os atuais governos europeus – com a exceção do grego! –
agem como funcionários deste monarca absolutista, intolerante e
anti-democrático. Sejam eles de direita, “extremo-centro” ou
pseudo-esquerdistas, sejam eles conservadores, democratas-cristãos ou
social-democratas, eles todos fanaticamente servem ao direito de Veto de
Vossa Majestade. Uma nova Aliança sagrada, sob a liderança profana da
Troika – FMI, Banco Central Europeu, Comissão Europeia – tem sido
estabelecida para esmagar a tentativa do povo grego de romper com os
grilhões da servidão e tomar as rédeas do próprio destino.
Este é um
momento histórico. O referendo grego não diz respeito somente a
questões econômicas e sociais fundamentais. Trata-se antes de mais
nada de democracia.
A vitória do
“não” representa um primeiro passo no desafio ao Veto monárquico das
finanças; um primeiro passo em direção à transformação da Europa, da
monarquia capitalista a uma república democrática. A luta do povo grego é
uma luta europeia, e nosso futuro como cidadãos europeus depende desse
confronto.
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Michael Löwy,
sociólogo, é nascido no Brasil, formado em Ciências Sociais na
Universidade de São Paulo, e vive em Paris desde 1969. Diretor emérito
de pesquisas do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS).
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FONTE: Blog da Boitempo
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