Por Marcos Cesar de Oliveira Pinheiro
"Deixar o erro sem refutação é estimular a imoralidade intelectual" (Karl Marx - frase citada como epígrafe no livro A Miséria da Teoria, do historiador E. P. Thompsom)
O jornalista Ancelmo Gois publicou hoje, 23/12/2014, no seu blog o seguinte:
"Calma, gente!
É dura a vida de Daniel Aarão Reis, autor de “Prestes, um revolucionário entre dois mundos”. O historiador, que já sabia que o personagem provoca amor e ódio, foi criticado por alguns porque seria “complacente” com o Cavaleiro da Esperança.
Já Anita Prestes diz que se trata de um livro anticomunista, “cujo objetivo é a desqualificação de Prestes e Olga”, seus pais.
Segue...
Num e-mail dirigido a amigos, Anita, polêmica como o pai, diz que o autor “tenta desmoralizar minha mãe, ao afirmar que ela teria abandonado um filho em Moscou”.
Mas...
Daniel argumenta que o livro não diz que Olga abandonou o filho:
— Apenas registra, sem fazer disso nenhum sensacionalismo barato, que Olga, quando partiu para o Brasil, tinha um filho em Moscou. Só isso. Pressionado pelas circunstâncias, Che deixou os filhos em Havana, e, o próprio Prestes, ao cair na clandestinidade depois do golpe, deixou sete filhos (um deles ainda na barriga da Maria)."
Ora, é sensacionalismo barato sim um "renomado" historiador afirmar, levianamente, que Olga Benario tinha um filho em Moscou, quando todas as evidências provam o contrário. Para ter um filho, seria preciso que Olga tivesse uma gestação, algo ignorado pelas pessoas que conviveram com ela no final dos anos 1920 e início dos anos 30, e que não consta na documentação da época referente à pessoa da Olga. Se Daniel Aarão Reis, por ventura, encontrou algum documento afirmando o que ele registra na biografia de Prestes, deveria, no mínimo, ter a honestidade intelectual de fundamentar melhor a afirmação que faz de Olga ter deixado um filho em Moscou, antes de seguir com Prestes para o Brasil. Será que o "renomado" historiador esqueceu de seguir os procedimentos metodológicos para o exercício apropriado de um trabalho historiográfico sério. De forma muito pertinente Anita Prestes destaca: "Para Eric Hobsbawm, o historiador deve ter um compromisso com a evidência e, portanto, escrever uma História não só apoiada em documentos como também baseada na comparação do maior número possível de fontes documentais que lhe permitam obter os elementos necessários para uma aproximação confiável dessa evidência". Aliás, em várias passagens da biografia de Prestes, Daniel Aarão Reis parece estar mais para Téo Pereira (o blogueiro fofoqueiro da novela "Império") do que para um historiador.
Chega beirar o ridículo o "renomado" historiador tentar comparar o que ele afirma na biografia de Prestes (que Olga teria deixado um filho em Moscou) com a situação de Che Guevara e do próprio Prestes, simplesmente porque Olga não teve nenhum filho ou filha antes do nascimento de sua única filha Anita Leocadia Prestes, nascida em 27 de novembro de 1936, na prisão de mulheres de Bernimstrasse, em Berlim.
Vale a pena (re)ler o texto da historiadora Anita Prestes: "Daniel Aarão Reis e a biografia de Luiz Carlos Prestes:a falsificação da história por um historiador".
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