Coação seria para evitar eleição de opositor a presidência da Câmara de Rio das Ostras
O que deveria acontecer em sessão plenária com voto aberto, dentro do que sustenta o estado democrático de direito, tornou-se caso de polícia em Rio das Ostras, com ações mais comuns a bandidos que a homens públicos escolhidos para representar a sociedade como parlamentares. É isso que evidencia os depoimentos prestados por quatro vereadores no cartório da 128ª Delegacia Policial, onde foi registrada a ação de seguranças do prefeito Alcebíades Sabino dos Santos, que acompanharam o vice-prefeito Gelson Apicelo numa incursão para tentar impedir que o grupo de oposição, formado por sete vereadores, votasse em massa contra a reeleição do atual presidente da Câmara, Alzenir Pereira de Mello, o Nini, numa eleição que só deveria acontecer em dezembro, mas foi antecipada para o dia 27 de maio e acabou não acontecendo, exatamente por conta do que o grupo classificou como “coação e intimidação”.
De acordo com as declarações dos vereadores Alan Gonçalves Machado, Alex Cabral Silva, Carlos Afonso Fernandes e Marcelo Carlos Dias, os quatro, acompanhados dos também vereadores Gelson Miranda Apicelo, Robson Carlos de Oliveira Gomes e Ademir Mendes de Andrade, se reuniram desde sábado (24 de maio), em um hotel da cidade de Cantagalo, onde o grupo foi surpreendido com a visita do vice-prefeito Gelson Apicelo, que chegou acompanhado de vários homens da tropa de segurança do prefeito, tendo, inclusive, ocorrido uma séria discussão envolvendo os seguranças. De acordo com o registro policial, a “visita” do vice-prefeito e dos seguranças teve a finalidade de “intimidar e coagir o grupo para tentar convencer algum vereador a desistir de votar a favor da candidatura do vereador Robson Carlos”, cujos aliados “estão se sentindo ameaçados e coagidos”.
Além das intimidações, os depoimentos revelam ainda o esforço pessoal do prefeito Alcebíades Sabino no sentido de evitar a derrota de Alzenir na disputa pela presidência da Câmara Municipal. A declaração do vereador Marcelino Borba dá conta de que a máquina administrativa está sendo usada para garantir votos em favor da manutenção do atual presidente. Segundo Marcelino, no dia 26 de maio, Sabino ligou para ele convidando-o para que participasse da chapa de Alzenir, convite que ele recusou. Ainda segundo Marcelino, no dia marcado para a votação Sabino voltou a ligar para ele, dessa vez oferecendo uma fatia do bolo do governo: “...que, no dia de ontem, 26/05/14, recebeu ligação do prefeito deste município, em seu telefone celular, convidando para participar da chapa a qual ele apoia, respondendo a ele negativamente; que, no dia de hoje (27 de maio), novamente o prefeito ligou para o declarante novamente tentando convencê-lo a apoiar o grupo de vereadores aliados dele na política municipal, oferecendo ao declarante o cargo de secretário de Saúde permitindo a livre escolha do declarante para ocupar tal cargo, além de outros cargos que igualmente poderia dispor livremente, novamente negando a oferta política”, diz um trecho da declaração prestada por Marcelino na 128ª DP.
FONTE: Eliseu Pires.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário