Em síntese, vejam as contradições do agronegócio, todo poderoso:
1. Entre 2005 e 2010, em função do estimulo do governo (lembre-se acordo BUSH- LULA) AS EMPRESAS , a maioria transnacionais investiram no setor 40 bilhões de reais (a maioria dinheiro de bancos, BNDES, capital estrangeiro, etc)
2. Quatro anos depois, o setor esta devendo aos Bancos 42,bilhões de reais, e agora pede que o governo assuma. de novo.
3. Em função disso, já quebraram nos últimos quatro anos: 48 usinas em todo Brasil (sendo 6 delas em Minas)
Devendo uma safra, usineiros vão pedir socorro ao governo
Em 2008 e 2009, política de preços da gasolina mudou, consumo de etanol caiu, e passou a euforia
POR ANA PAULA PEDROSA
De 2005 a 2010, o setor sucroenergético estava otimista com a economia brasileira: investiu R$ 40 bilhões, dobrando a capacidade de produção do país. Veio a crise de 2008/2009, a política de preços da gasolina mudou, o consumo de etanol caiu e a euforia passou. Mas as dívidas contraídas para fazer a expansão e, posteriormente, para financiar as safras, permaneceram e, hoje, o setor deve o equivalente a R$ 100 por tonelada de cana, totalizando R$ 42,42 bilhões em dívidas na safra 2013/2014 – valor 8% superior ao da safra anterior. Para a próxima safra, os custos do setor devem crescer 13%, com salários mais altos, problemas climáticos e possíveis mudanças na política de preços de combustíveis.
Os cálculos são da Itaú BBA e revelam números preocupantes. “O setor passa por uma de suas maiores crises. Dever R$ 100 por tonelada significa dizer que estamos devendo uma safra inteira”, diz o presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos. Ele diz que o setor se prepara para ir ao governo federal pedir um socorro. “Não basta recompor os preços. Essa dívida terá que ser renegociada”, diz. Ainda não há uma proposta de qual seria a fórmula para essa renegociação, nem uma data para que ela seja apresentada.
Campos explica que, o primeiro fator que desencadeou o aperto foi a crise internacional de 2008/2009 – “a questão ambiental foi colocada em segundo plano”, lembra – mas acrescenta que o quadro ficou pior com a política de preços da gasolina. Como o governo federal subsidia a gasolina, o combustível é vendido no país a um preço 20% menor do que o comprado no exterior. Com isso, os produtores de etanol não podem repassar seu aumento de custo para o preço do produto.
Consumo. O preço defasado, porém, não significa consumo maior. Em 2009, para cada cem litros de gasolina vendidos em Minas Gerais, eram vendidos 40 litros de etanol. Hoje, são apenas 15 litros de etanol para cada cem litros de gasolina no Estado. Cerca de 40% da produção mineira é “exportada” para São Paulo.
Incertezas fecham 48 usinas no país
As incertezas no mercado de etanol já fecharam 48 usinas no país nos últimos quatro anos, sendo seis em Minas Gerais, e ainda ameaçam as que estão de portas abertas. “Temos a possibilidade de fechamento de mais três usinas em Minas Gerais neste ano”, diz o presidente da Siamig, Mário de Campos. O Estado tem hoje 39 usinas em produção atualmente.
Além dos problemas estruturais, o setor ainda foi castigado com a seca, que vai reduzir a produção na safra que começou a ser colhida neste mês. A expectativa é que o Centro-Sul do Brasil, maior região produtora, produza 580 milhões de toneladas de cana – 2,7% a menos do que o verificado na safra passada. A estimativa de Minas Gerais ainda não está fechada, mas o Estado deve acompanhar a tendência de queda.
A redução na produção inverte a tendência dos anos de bonança. De 2005 a 2010, o país dobrou sua capacidade de produção, passando de 300 milhões de toneladas por ano para 600 milhões.
Em Minas Gerais, a expansão foi ainda mais forte: o Estado quadruplicou sua produção, passando de 15 milhões de toneladas por ano para 60 milhões. Hoje, o setor sucroalcooleiro emprega diretamente 80 mil pessoas em Minas Gerais e, de maneira indireta, 240 mil. (APP)
FONTE: O Tempo
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