terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Mensagem do Primeiro Secretário do Comitê Central do Partido Comunista da Ucrânia, Piotr Simonenko, aos camaradas do Partido


Por Piotr Simonenko, 23 de Fevereiro de 2014

Caros camaradas comunistas !

Dirijo-me a vós num dos momentos mais dramáticos da história do nosso país. Durante os trágicos acontecimentos dos últimos três meses foi derramado sangue, morreram pessoas. Foi ameaçada a integridade territorial da Ucrânia e a sua própria existência como Estado unificado, independente, soberano.

Estes acontecimentos não têm um caráter unívoco. A participação neles de grandes massas de pessoas reflete o profundo descontentamento na sociedade com o regime político de Yanukovitch e do seu círculo, que governou o país de forma inepta, enganando as pessoas, abandonando as suas promessas de campanha, e em momentos difíceis abandonando covardemente o seu posto. O clã que se formou em torno de Yanukovith, que recebeu a designação de «Família» e que se enriqueceu de forma desavergonhada, afastou de si a maioria dos seus adeptos e eleitores.

Mas os protestos de massas não adquiriram o carácter de um confronto de classes. Ocorreu uma batalha feroz entre duas facções da mesma classe dos exploradores — a burguesia oligárquica —, das quais a mais organizada e preparada se revelou o agrupamento que juntou as forças pró-ocidentais, nacionalistas e radicais de direita. Estas forças utilizaram habilmente o descontentamento das pessoas e com o seu apoio realizaram um golpe de Estado .

Ao mesmo tempo, o Ocidente, ingerindo-se de forma aberta e sem cerimônia nos assuntos internos do nosso país, apoiou as ações das forças radicais de direita, na medida em que elas visam uma séria mudança na situação geopolítica na Europa e no mundo, a destruição dos seculares laços econômicos, culturais e espirituais entre os povos ucraniano e russo, e os outros povos irmãos da antiga União Soviética, e entregam a Ucrânia ao protetorado dos EUA, da UE, da OTAN, do Fundo Monetário Internacional e de diferentes empresas transnacionais.

As ações dos radicais de direita, liderados por forças abertamente neonazistas alimentadas pelo regime de Yanukovitch — herdeiros ideológicos dos ocupantes hitlerianos —, são acompanhadas por uma nova e extremamente perigosa vaga de histeria anticomunista, pela destruição em toda a parte dos monumentos a Lenin e aos heróis da Grande Guerra Patriótica, por ataques banditescos às instalações do nosso Partido em Kíev e outras cidades do país , pelo terror moral e físico contra os comunistas, pela exigência da proibição da atividade do Partido Comunista da Ucrânia.

Tudo isso testemunha que estas forças que tomaram o poder podem recorrer a quaisquer ações ilegais, não se detendo perante a repressão não só dos funcionários do partido mas também dos comunistas de base.
É preciso estar pronto para isso.

Nas circunstâncias que se criaram, a nossa tarefa mais importante é manter a estrutura e os quadros do partido, estar vigilantes, não sucumbir às provocações.

É importante aproveitar todas as oportunidades para esclarecer os trabalhadores sobre a natureza do golpe ocorrido e o perigo das suas consequências para os cidadãos comuns — uma acentuada deterioração da economia, o aumento do desemprego e dos atrasos no pagamento dos salários e pensões, o aumento dos preços e tarifas, uma criminalidade desenfreada, um ainda maior empobrecimento do povo.

A direção do Partido e o nosso grupo parlamentar na Rada Suprema da Ucrânia farão todo o possível nestas dificílimas condições para defender os interesses dos trabalhadores, salvaguardar o Partido, preservar a integridade da Ucrânia.
Caros Camaradas!

Perante o Partido, perante cada um de nós, erguem-se novas e duras provações. Reforcemos as nossas fileiras, multipliquemos os esforços na luta pela nossa justa causa — o socialismo!

Piotr Simonenko,
Primeiro-Secretário do Comitê Central do Partido Comunista da Ucrânia, presidente do grupo parlamentar comunista na Rada Suprema da Ucrânia



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