O marxismo tem hoje uma presença significativa na instituição universitária brasileira. O fenômeno não é tão antigo. A universidade começou a abrir as suas portas para o marxismo – e de maneira comedida e recalcitrante – apenas na segunda metade do século passado. De lá para cá, criou-se uma situação nova no mundo acadêmico e estimulou-se um tipo de produção intelectual até então desconhecida no Brasil. Jovens pesquisadores marxistas passaram a produzir suas dissertações e teses tomando por objeto os temas mais variados nas áreas de sociologia, economia, política, cultura, educação e outras. Surgiram grupos de estudos marxistas em todas as associações nacionais de pesquisa e de pós-graduação, multiplicaram-se as publicações periódicas que procuram desenvolver e aplicar o marxismo na análise do Brasil e do capitalismo contemporâneo e consolidaram-se os eventos que reúnem pesquisadores marxistas em inúmeras cidades do Brasil. O Colóquio Internacional Marx e Engels, que vem sendo organizado pelo Centro de Estudos Marxistas (Cemarx) da Unicamp desde 1999, tem sido um dos focos de estímulo e de convergência dessa grande e variada produção. Capitalismo: crises e resistências reúne, justamente, alguns trabalhos apresentados na sexta edição do Colóquio Internacional Marx e Engels realizado em 2009.
O marxismo é uma teoria abrangente e ramificada em tradições diversas. Este livro contém uma boa amostra da produção marxista contemporânea. Contempla a crise do capitalismo, a discussão sobre o socialismo no século XXI, a resistência dos trabalhadores, a cultura, a educação e alguns temas teóricos caros ao marxismo. É diverso, polêmico e estimulante. Descortinará, para o leitor, temas e teses para reflexão e aprofundamento e permitirá uma avaliação, ainda que parcial, do quanto os marxistas têm logrado desenvolver e renovar o marxismo, valendo-se do espaço institucional propiciado pela universidade.
Os pioneiros do marxismo brasileiro, grandes intelectuais comunistas, como Octávio Brandão, Astrogildo Pereira, Mário Pedrosa, Caio Prado Júnior, Nelson Werneck Sodré, Jacob Gorender e outros produziram seus trabalhos fora da universidade e vinculados ao movimento comunista do século XX. Deixaram-nos a sugestão de grandes linhas para a interpretação do capitalismo que se formou no Brasil. Ao ler este livro, o leitor poderá, de maneira desafiadora, se perguntar como é que a presente geração de marxistas tem contribuído para o movimento socialista do século XXI e para o enriquecimento da cultura nacional.
FONTE: Livraria Expressão Popular
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