Por Marcos Cesar de Oliveira Pinheiro
"O silêncio é reacionário."
Jean Paul Sartre.
Nesta última terça-feira[3/4], houve reunião pedagógica com os professores do Abdalla. Foi abordado, segundo o relato de vários colegas, o meu caso de ter saído três tempos do colégio e os ter levado para outra escola. Segundo me contaram, a diretora afirmou que o motivo foi unicamente pessoal. De fato, as razões da minha saída são de cunho pessoal. Pessoalmente não considero que o Colégio Municipal Professora América Abdalla e a maneira como vem sendo administrado possam me propiciar condições minimamente necessárias para desenvolver um trabalho educacional minimamente satisfatório. Por isso, é pertinente o ditado “os incomodados que se mudem” neste caso específico. Quando não enxergamos mais qualquer possibilidade de mudanças, o melhor é partir para novas frentes de luta.
Também foram feitas outras especulações sobre a minha saída. Nenhuma delas tem fundamento. 1) Não pretendo pedir exoneração do cargo de professor concursado do município, pois é a minha única fonte de renda para sobreviver; 2) Não almejo cargo na Secretaria de Educação ou qualquer outro órgão da prefeitura, até porque não acho que sair da situação confortável de cumprir minha carga horária em uma única unidade escolar, bem próxima da minha residência, e passar a dar aulas em DUAS escolas, em que terei que pegar condução para ir ao trabalho, não me parece nada análogo aos benefícios de um suposto cargo; 3) Não estou saindo por problemas com o meu doutorado.
Exatamente pelo respeito, afeto e consideração que devoto aos meus amigos professores e aos meus estimados alunos, não tenho dúvida da justeza da minha decisão. O que tinha para contribuir no Colégio Municipal Professora América Abdalla já o fiz em oito anos em que estive lecionando nele. Saio com a consciência do dever cumprido, de cabeça erguida, sem ter do que me envergonhar e mais disposto do que nunca para lutar pelo que acredito ser o bom, o justo e o melhor do mundo.
Gostaria, sinceramente, que minha saída, em vez de gerar especulações sem fundamentos, pudesse propiciar uma reflexão profunda e, o mais importante e imprescindível, resultar em ações por parte dos professores para solucionar os seus problemas (em especial condições dignas de trabalho) e contribuir para uma educação pública verdadeiramente de qualidade. Definitivamente não estou fugindo dos problemas, muito pelo contrário, estou indo para novas frentes de luta, como já afirmei. Ou como diria Cazuza: “Não desisti, só não insisto mais” – em relação ao Abdalla.
Também nesta terça-feira comuniquei oficialmente à direção que não desejo mais continuar no Abdalla. Espero, sinceramente, valendo-se do bom senso, que ela possa atender amigavelmente a minha solicitação de não fazer mais parte do corpo docente do Abdalla a partir do mês de maio. Não me parece razoável manter um professor que, pessoalmente, não acredita mais na viabilidade da atual gestão de realizar mudanças efetivas, reais e consistentes para engendrar o potencial educacional que, indiscutivelmente, o Abdalla pode oferecer.
A gestão atual tem vários méritos e seria leviano da minha parte não reconhecê-los. Porém, a meu ver, o não enfrentamento efetivo de alguns males que afligem o Abdalla compromete as conquistas realizadas. Torço, sinceramente, que medidas paliativas sejam abandonadas em favor de ações que apresentem resultados duradouros. Sempre é possível reescrever um final diferente, digno e satisfatório para toda a comunidade escolar do Abdalla. Afinal de contas, a Família Abdalla merece!!!
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