O homem que Vinícius amou
Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena
Vinícius e Neruda |
Minha vida, tua morte, nosso amor, nossa poesia.
Por acaso em 60 nos encontramos
Em Montevidéu e viajamos juntos de navio
Ocorreram poesias
Trocamo-nos sonetos de muito amor, amigo
Tu e eu escrevíamos nas tardes quietas
No convés vazio…
Quantos caminhos não fizemos juntos
Neruda, meu irmão, meu companheiro…
Mas este encontro súbito, entre muitos
Não foi ele o mais belo e verdadeiro?
Canto maior, canto menor — dois cantos
Fazem-se agora ouvir sob o Cruzeiro
E em seu recesso as cóleras e os prantos
Do homem chileno e do homem brasileiro
E o seu amor — o amor que hoje encontramos…
Por isso, ao se tocarem nossos ramos
Celebro-te ainda além, Cantor Geral
Porque como eu, bicho pesado, voas
Mas mais alto e melhor do céu entoas
Teu furioso canto material!
No dejaste deberes sin cumplir;
Tu tarea de amor fue la primera;
Jugaste con el mar como un delfín
Y perteneces a la primavera.
Cuanto pasado para no morir!
Y cada vez la vida que te espera!
Por tí Gabriela supo sonreír
(Me lo dijo mi muerta compañera).
No olvidaré que en esa travesía,
Llevavas de la mano a la alegría
Como tu hermano del país lejano.
Del pasado aprendiste a ser futuro
Y soy más joven porque, en un dia puro,
Yo vi nacer a Orpheu de tu mano.
Que ano mais sem critério
Esse de setenta e três…
Levou para o cemitério
Três Pablos de uma só vez.
Três Pablões, não três pablinhos
No tempo como no espaço
Pablos de muitos caminhos:
Neruda, Casals, Picasso.
Três Pablos que se empenharam
Contra o fascismo espanhol
Três Pablos que muito amaram
Três Pablos cheios de Sol.
Um trio de imensos Pablos
Em gênio e demonstração
Feita de engenho, trabalho
Pincel, arco e escrita à mão.
Três publicíssimos Pablos
Picasso, Casals, Neruda
Três Pablos de muita agenda
Três Pablos de muita ajuda.
Três líderes cuja morte
O mundo inteiro sentiu.
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