sábado, 10 de agosto de 2013

18 anos sem o professor e militante Florestan Fernandes



O sociólogo Florestan Fernandes, um dos maiores pensadores da realidade brasileira, morreu em São Paulo há 18 anos, em 10 de agosto de 1995. Durante o velório, seu caixão foi coberto pela bandeira do MST.

"Faz 18 anos da morte do meu pai. O tempo passou rápido demais! Fico imaginando como ele gostaria de estar vivendo um momento como este no Brasil. Em quantas manifestações públicas ele teria estado presente e o que andaria pensando, revendo, falando e escrevendo! Penso que a sua inteligência, criatividade e indignação com as injustiças sociais ainda nos fazem muita falta", escreveu a amigos a socióloga Heloísa Fernandes, filha de Florestan.

Por causa da sua história de luta, empenho em transformar o pensamento em ação política e social e seu exemplo de vida e coerência, o Movimento fez uma homenagem ao lutador do povo batizando com seu nome a sua escola nacional, em Guararema, interior de São Paulo.

O pensador e ativista político está vinculado à pesquisa sociológica brasileira. Sociólogo e professor universitário com mais de 50 livros publicados, transformou as ciências sociais no país e estabeleceu um novo estilo de pensamento.

“Um grande intelectual revolucionário, como foi Florestan Fernandes, deve ser pensado em conexão com os grandes movimentos radicais, como é o MST. A conjunção de ambos neste evento é natural e anima a nossa esperança”, afirma Antônio Candido, crítico literário e professor emérito da USP.

Nascido na capital paulista em 22 de julho de 1920, Florestan começou a lutar já na infância para conquistar o próprio nome. A patroa de sua mãe o chamava de Vicente, por considerar que seu nome não era nome de pobre. Aos seis anos começou a trabalhar e, por isso, não conseguiu completar o curso primário. Terminou o ensino fundamental por meio do curso de madureza, conhecido hoje por supletivo. Na adolescência, foi vendedor de produtos farmacêuticos.

Aos 18 anos, começou a estudar na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo em 1947. Formou-se em ciências sociais e fez doutorado em 1951. Trabalhou como assistente catedrático, livre docente e professor titular na cadeira de sociologia. Em 1964 se efetivou na cátedra.

Foi mestre de sociólogos renomados. Defensor da educação pública, gratuita e de qualidade, nos anos 60 participou de uma campanha pelo país a favor da escola pública, expondo uma das falhas mais dramáticas da sociedade brasileira, que é o descaso pela democratização e generalização do ensino.

Cassado com base no AI-5, em 1969, deixou o país e deu aulas nas universidades de Columbia (EUA), Toronto (Canadá) e Yale (EUA). Voltou ao Brasil em 1972 e passou a lecionar na PUC-SP. Não procurou reintegra-se à USP, da qual recebeu o título de professor emérito em dezembro de 1985. Florestan esteve ligado ao Partido dos Trabalhadores (PT) desde sua fundação.

Em 1986 filiou-se ao partido e exerceu dois mandatos de deputado federal. Foi um admirador e apoiador da luta dos trabalhadores Sem Terra. "O subdesenvolvimento, em suma, tem alimentado o desenvolvimento. Esse paradoxo só desaparecerá quando os de baixo lutarem organizadamente contra a espoliação, exigindo transformações profundas na política econômica, nas funções do Estado e na estrutura da sociedade de classes", escreveu Florestan, que não via o destino da ex-URSS como o fim do socialismo e do marxismo, nem a globalização como a esperança dos excluídos.

Luiz Carlos Prestes e Florestan Fernandes

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