segunda-feira, 3 de junho de 2013

Polêmica: "revolução síria" ou um "laboratório de forças imperialistas"


Uma esquerda que a direita gosta

Por Mário Augusto Jakobskind
É no mínimo estranho o fato de alguns partidos brasileiros que a todo instante se proclamam legítimos representantes da esquerda apoiem uma chamada “revolução síria”. E isso em um momento em que no país árabe está clara a participação dos países europeus e Estados Unidos com combatentes mercenários e armas em luta contra o Presidente Bashar al Assad.

Está claro também que o país árabe se transformou em laboratório de forças imperialistas desejosas de traçar um novo mapa no Oriente Médio em favor de seus interesses econômicos. Não é por acaso o apoio ostensivo aos “rebeldes”.

No último dia 31 de maio, o PSTU promoveu uma jornada de apoio à revolução síria, esquecendo-se da prioridade em denunciar a presença do vice-presidente norte-americano Joe Biden em território brasileiro. Ou seja, enquanto Biden veio dar o recado do império, o PSTU se voltava para a Síria, na prática fazendo o jogo de quem os Estados Unidos apoiam.

Da mesma forma que o PSTU, setores do PSOL também levantam a bandeira da suposta “revolução síria”, quando a questão principal naquele país é exatamente denunciar a presença de forças mercenárias com o apoio do Ocidente, numa estranha aliança com a participação da Al Qaeda. Se é que é estranha, porque alguns analistas consideram a Al Qaeda, que a soldo da CIA iniciou seus trabalhos no Afeganistão para combater os soviéticos, um braço do imperialismo.

Mesmo que se faça restrições ao Presidente Bachar al Assad, na prática se posicionar ao lado de grupos com o respaldo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) pode ser considerado não só meio estranho como basicamente contraditório. E afirmar que ao apoiar a revolução, que denominam de popular, estão contra os dois lados, não passa de sofisma, porque neste momento a estratégia do império é exatamente convencer a opinião pública mundial que o povo está com os “rebeldes” e contra Bashar al Assad.

Aliás, não é de hoje que sobretudo a “dialética” do PSTU tem lançado a divisão na esquerda. Foi assim quando os ideólogos do referido partido denunciavam o que chamavam de “bonapartismo” de Hugo Chávez, na prática também se alinhando com os opositores da revolução bolivariana. E demonstrando também o equivoco na assimilação de ideias levantadas por Leon Trotsky. Em outros termos, fizeram a leitura e a transplantaram mecanicamente para realidades distintas das vividas pelo líder soviético. Trotsky naturalmente rejeitaria tal equívoco.

Questionar o posicionamento do PSTU e de setores do PSOL em relação aos acontecimentos na Síria, é uma necessidade, para evitar que setores da esquerda na prática se alinhem com a direita. Para evitar também a proliferação e o fortalecimento, como dizia Darcy Ribeiro, de uma esquerda que a direita gosta.

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