domingo, 26 de abril de 2020

A associação entre o bolsonarismo e o "Partido Militar"

Por trás do presidente se "oculta" o Alto Comando do Exército

Segue artigo que chama atenção para a associação entre o  bolsonarismo e o "Partido Militar", em que o Alto Comando do Exército pode ser considerado "o partido fardado do capital financeiro internacionalizado", conforme ressaltado pela historiadora Anita Prestes em artigo sobre o papel do capital financeiro internacional na constituição de regimes autoritários no Brasil ["Três regimes autoritários na História do Brasil republicano: o Estado Novo (1937-1945), a Ditadura Militar (1964-1985) e o regime atual (a partir do golpe de 2016)"]

Bolsonaro, duro na queda

Por Manuel Domingos Neto

Banana Republic
Eduardo Costa Pinto logo intuiu que o apoio a Bolsonaro poderia não ser afetado imediatamente pela demissão espetaculosa de Moro. 

A pesquisa da XP realizada entre os dias 23 e 24, divulgada neste sábado, dia 25, confirmou sua hipótese. Os que alimentam expectativa boa, ótima e regular sobre o governo somam 44% dos entrevistados. Os que têm expectativa ruim e péssima chegam a 49%. Tendo em vista o desemprego, a penúria reinante e os descalabros governamentais, é um desempenho extraordinário.   

A pesquisa registra que 77% dos entrevistados disseram ter conhecimento da saída de Moro. Ou seja, pode não ter decorrido ainda o tempo necessário para que a exploração do episódio mostre seus desdobramentos.

De toda forma, fica reafirmado: Bolsonaro corporifica politicamente expressiva tendência conservadora-radical de parcela numerosa da sociedade brasileira. É notável a ofensiva dos bolsonaristas atacando Moro nas redes sociais. A turma tem consciência do impacto negativo da saída de Moro (67% das respostas), mas não se abate.

O afastamento de Bolsonaro, por renúncia forçada ou impeachment, hoje, dependeria basicamente de iniciativas institucionais, ou seja, de investigações criminais, judiciais e legislativas, não da mobilização popular contra os desmandos governamentais.

As instituições não entram em lances decisivos sem forte respaldo da opinião pública e... sem amparo militar.

Importantes elementos da grande mídia perderam as ilusões sobre a capacidade de o atual governo responder aos dramáticos problemas sanitários, sociais e econômicos. Empenham-se agora no afastamento de Bolsonaro, temendo a deterioração do quadro sócio-econômico. Refletem a inquietude dos homens do dinheiro. Mas quando suas denúncias lograrão calar fundo na consciência de muitos brasileiros e sensibilizar as corporações da força bruta ao ponto de respaldarem o afastamento do Presidente?

Bolsonaro tem ao seu lado o Partido Militar, que conta com um contingente de um milhão de homens da ativa e da reserva em militância ininterrupto e frenética para “salvar o Brasil” do comunismo e reforçar seus proventos. 

Uma debandada de generais do governo seria devastadora. A política estaria entregue aos políticos, mas isso é improvável. Onde já se viu militares entregando cargos políticos sem fortes constrangimentos por parte da opinião pública? 

Por que os generais persistem amparando Bolsonaro?

Há diversas explicações possíveis, sendo a primeira delas a dificuldade de abandono da cria. Muitos ainda não admitem ou fingem não admitir, mas o candidato e o presidente Bolsonaro foram obras castrenses. Não existiriam sem a mobilização da caserna. 

A tentativa de atenuar a responsabilidade das corporações é manifesta nas insistentes referências a uma “ala militar”. Que “ala” é esta? Obviamente, não pode se resumir aos três generais que não arredam o pé da sala do capitão. (Heleno hoje parece ter pouco peso). Ramos, Braga e Fernando não ocupam postos tão relevantes por conta de exclusivos atributos pessoais. Atrás de cada um, há a teia de amparo, intrincada, profusa e capilar.

O que pretende, qual sua consistência, quem a comanda a tal “ala militar”? Quem quiser acredite que tais homens representam a si mesmo. 

A falácia da “ala militar” serve para atenuar a ideia de que o governo esteja sendo respaldado e conduzido por corporações. Permite também imaginar oficiais idealistas e articulados voluntariamente para lutar contra terraplanistas aloprados. 

Apontar tal “ala” é também uma maneira de negar a estreita aproximação política e ideológica entre os múltiplos e variados condutores da máquina governamental. Em outras palavras, serve para negar o afinamento entre as cabeças governamentais. Ora, uma das razões do “sucesso” de Bolsonaro é justamente a coesão de sua equipe. As quedas de Mandetta e de Moro, que tanto animam os opositores, decorreram de veleidades eleitorais, não de discordância de princípios políticos, éticos ou administrativos. 

É provável que nos próximos dias o noticiário ofereça fartos elementos, para os que quiserem entender, que Moro e Bolsonaro apresentam a mesma qualidade moral. Moro, menos vivaz, será duramente estigmatizado como transgressor da “omertà”.

Há, de fato, figuras no governo que, pelo exotismo de posturas e pela incapacidade administrativa, incomodam os militares. Mas no plano da percepção do processo político em curso, não há contraditórios notáveis na equipe governamental. 

Predominam no conjunto a ojeriza à esquerda, o medo da China, o alinhamento automático a Washington, o conservadorismo nos costumes, o ódio ao sistema político representativo, a raiva e o medo da transformação social favorecedora dos mais pobres, a vontade de destruir o que foi construído com base do pacto de 1988. 

Exemplos notórios da comunhão espiritual entre militares e terraplanistas aloprados: o silêncio frente às agressões de Olavo de Carvalho, as contemporizações com os ministros da Educação e do Exterior, próceres da abominável destruição de políticas públicas estratégicas. Observemos a concentração de militares na Educação e na Ciência e Tecnologia. Por que não reagem aos descalabros? 

Bolsonaro é uma cria dos militares e seu governo representa a vontade das corporações politicamente ativas desde sempre, mas obedientes aos esquemas de aproximações progressivas e sustentadas, conforme explicou Mourão.

É intrigante que, até agora, a estreita associação entre o bolsonarismo e o partido militar não seja percebida pela “sociedade civil”. As tergiversações nesta matéria são lastreadas na falácia de que os militares persistem como o "lado” ajuizado ou racional do governo. Ora, não podem ter bom juízo os que escolheram o “Cavalão” como peça de apoio para retornar ao mando político e desenvolver tenebrosa agenda conservadora.

Analistas de todos os matizes, com razão, agitam-se acerca de supostas cisões entre os generais e o presidente. Há gente de esquerda, inclusive, torcendo discretamente para que isso ocorra. Alguns olham esperançosos para o vice-presidente. Um líder de esquerda disse até que o Brasil chegaria melhor em 2022 com o governo entregue ao general Mourão.

Iludida, aturdida e na defensiva, a oposição fala em governo de “salvação nacional”, em “frente ampla”... Se não consegue se entender minimamente, como a oposição lograria arrebatar o sentimento dos brasileiros? 

A oposição sabe que não tem força e não pode pensar em levantar multidões. Evitando o combate de idéias no seio da população, os partidos voltam-se para práticas eleitorais carcomidas, mesmo sem a certeza de que o próximo pleito esteja de fato assegurado. Quanto à saída para a crise, sonha com a prevalência de nossa tradição republicana: um grande acordo de cúpula que evite confrontos desestabilizadores de velhas estruturas. Um ponto indiscutível do acordo é o descarte definitivo de Lula.

O que pode fazer ruir o castelo de cartas que sustenta Bolsonaro, quem sabe, é a comoção decorrente da mortandade previsível pela incúria diante do avanço anunciado do covid-19. 

Mas comoções populares em si não conduzem necessariamente a mudanças políticas efetivas. Provocam explosões de fôlego curto, contidas pelo aparelho repressor do Estado, o mesmo que criou e sustenta Bolsonaro.

Para não concluir de forma demasiado amarga, lembraria que, como quase tudo na vida, farsas políticas têm duração incerta. A administração do mundo está em mudança acelerada e pode encurtar a trágica aventura do partido militar que leva o nome de “governo Bolsonaro”.

Como observou Héctor Saint-Pierre, esta aventura tem tudo para ser as Malvinas do militares brasileiros.

FONTEBrasil 247



CRISE DO CAPITAL, FINANCEIRIZAÇÃO E EDUCAÇÃO

Veja o mais recente número da revista Germinal: Marxismo e Educação em Debate, v. 11, n. 3 (2019)

O V. 11, N. 3 de Germinal: Marxismo e Educação em Debate vem a lume num quadro de uma grave
crise de saúde pública mundial: a velocidade e a gravidade da propagação do Coronavírus. A pandemia causada pelo novo vírus agrava, ainda mais, outras duas crises já anteriormente em andamento: a econômica e a política – não revelando sinais de solução em um curto prazo, estas crises, ao contrário, intensificam-se a cada momento. Nestas condições adversas e instáveis, mudanças significativas podem ocorrer de um momento para outro. Além disso, o quadro atual se agrava por uma intensa disputa político-ideológica e por distintas tentativas de criação de uma grande confusão e desorientação caracterizada por fortes componentes obscurantistas. É urgente, portanto, analisar os diferentes aspectos que compõem esta profunda crise afim de não permanecer irresoluto, mas contribuir para uma efetiva orientação crítica no interior da conjuntura. Ao mesmo tempo, não se deve esquecer o caráter insubstituível de toda reflexão teórica: a sua feição sistemática.
O presente número de Germinal: Marxismo e Educação em Debate chamou os marxistas a discutirem os nexos entre “Crise do capital, financeirização e educação”.
[Trecho do Editorial “Crise do capital, financeirização e educação”, de Pedro Leão da Costa Neto.]

Navegue no sumário da revista para acessar os artigos e itens de interesse.

v. 11, n. 3 (2019)

CRISE DO CAPITAL, FINANCEIRIZAÇÃO E EDUCAÇÃO

Sumário

Editorial

Pedro Leão Da Costa Neto
1-6

Debate

Tatiana Brettas
7-18
Enrique-Javier Díez-Gutiérrez
19-29
Elza Margarida de Mendonça Peixoto, André Figueiredo Brandão, Edson do Espírito Santo Filho, Osvaldo Teodoro dos Santos Filho, Vania Moraes Lopes
30-73
Roberto Barbosa
74-87
Marcelo Lira Silva
88-122
Regis Argüelles da Costa
123-135
Arlindo Lins de Melo Júnior, Luiz Bezerra Neto, Jackeline Silva Alves
136-148
Ricardo Pereira de Melo
149-159
Jadir Antunes
160-169

Artigos

Andriel Rodrigo Colturato, Luciana Massi
170-180
Giovanni Semeraro
181-191
Stefan Gandler
192-202
Vanderlei Amboni
203-213
Leonardo Dorneles Gonçalves, Magda Cruz dos Santos, Conceição Paludo
214-222
Mércia Santana Mathias, Luciana Cristina Salvatti Coutinho
223-234
Regis Clemente da Costa
235-247
Evandro Coggo Cristofoletti, Milena Pavan Serafim
248-259
Fernanda Bartoly Gonçalves de Lima
260-283
Guilherme Wagner, Everaldo Silveira
284-303
Giovanni Felipe Ernst Frizzo, Leonardo Lemos Silveira, Ivan Bremm de Oliveira
304-316
Osvaldo Galdino dos Santos Júnior, Robson dos Santos Bastos
317-327

Entrevista

Virginia Maria Gomes de Mattos Fontes
328-347

Clássico

Vladimir Iilich Ulianov Lenin
348-368

Resenhas

Ana Carla Gomes
369-372
Samuel Spellmann
373-377
Hander Andrés Henao
378-383

Expediente

Elza Margarida de Mendonça Peixoto


Lenin, a 150 años de su nacimiento

Por Atilio A. Boron 

Fuentes: Rebelión
Vladimir Illich Ulianov nació en un día como hoy [22/04], de 1870, en Simbirsk, Rusia. Fue el fundador del Partido Comunista Ruso (Bolchevique), el líder indiscutido de la primera insurrección obrero-campesina triunfante a escala nacional en la historia de la humanidad: la Revolución de Octubre en Rusia (que llevó a su término lo que la heroica Comuna de París no pudo hacer) y arquitecto y constructor del Estado Soviético.

Como si lo anterior no bastase fue también un notable intelectual, autor de numerosos y medulares escritos sobre temas tan variados como filosofía, teoría económica, ciencia política, sociología y relaciones internacionales.[1] “Práctico de la teoría y teórico de la práctica” según la brillante definición que de él propusiera György Lukács, Lenin introdujo tres aportaciones decisivas a la renovación de una teoría viviente, el marxismo, que siempre la entendió como una “guía para la acción” y no como un dogma o un conjunto esclerotizado de preceptos abstractos. Gracias a Lenin  los cimientos teóricos establecidos por Karl Marx y Friedrich Engels se enriquecieron con una teoría del imperialismo que arrojaba luz sobre los desarrollos más recientes del capitalismo en la primera década del siglo veinte; con una concepción acerca de la estrategia y táctica de la conquista del poder o, dicho en otros términos, con una renovada teoría de la revolución basada en la alianza “obrero-campesina” y el papel de los intelectuales; y con sus distintas teorizaciones sobre el partido político y sus tareas en distintos momentos de la lucha social. Una herencia teórica extraordinaria, como brota de la precedente enumeración. 

En este breve recordatorio del nacimiento de un personaje excepcional como el que nos ocupa quisiera llamar la atención sobre una de esas tres aportaciones: la cuestión del partido. En efecto, preocupa la nociva persistencia de un lugar común -y profundamente erróneo- consistente en hablar de “la teoría” del partido en Lenin como si éste hubiera forjado una, absolutamente imperturbable ante los cambios y los desafíos del proceso histórico. Como lo hemos demostrado en nuestro estudio introductorio en una nueva edición del ¿Qué Hacer? Lenin modificó su concepción del partido en correspondencia con las variaciones en las condiciones que caracterizaban los distintos momentos del desarrollo de la lucha revolucionaria en Rusia.[2] Es una obviedad subrayar que su sensibilidad histórica y teórica era incompatible con cualquier dogmatismo, lo que hizo que tomara rápidamente nota de las enseñanzas que dejara la revolución de 1905 y el marginal papel que en ella jugara la organización política a la que pertenecía,  el Partido Obrero Social Demócrata de Rusia. Su reflexión autocrítica se volcó  en el prólogo a un frustrado libro –iba a llamarse En Doce Años – que recopilaría los  libros y artículos que escribiera entre 1895 y 1907. Pese a la módica  liberalización que el zarismo había consentido luego del ensayo revolucionario de 1905 y la derrota que las tropas del zar habían sufrido en la guerra ruso-japonesa, lo cierto es que aquellos materiales fueron confiscados por la censura y nunca vieron la luz pública. No obstante, el prólogo quedó a salvo y deja importantes claves para comprender la evolución  del pensamiento de Lenin.[3]  En esa reflexión  de 1907 Lenin explica que el modelo de partido propuesto en el  ¿Qué Hacer? se explicaba por las durísimas condiciones impuestas por la lucha clandestina contra el zarismo y su impresionante aparato represivo. Ahora bien, una vez triunfante la Revolución de 1905 Lenin modifica su concepción del partido -que sigue siendo revolucionario pero que ya no debe actuar en la clandestinidad- y se acerca a una postura en cierto sentido similar a la de la socialdemocracia alemana (recordar que Lenin recién repudia la teorización de Karl Kautsky en 1909) que, en ese momento, era el “partido guía” de la Segunda Internacional. Dado que el partido no es una entelequia que sobrevuela las contingencias y los azares de la historia el cambio en la correlación de fuerzas entre el zarismo y las fuerzas sociales de la revolución, amén de las mutaciones operadas en el marco institucional en el que se daba la lucha política- modificaron profundamente la visión de Lenin sobre el carácter del partido, su estructura organizativa, sus tácticas y su actividad organizativa en las nuevas circunstancias históricas. La lucha por la revolución, sobre la cual Lenin jamás hizo ninguna concesión, debía apelar a un nuevo formato partidario. Y lo hizo.

No obstante, el triunfo de la revolución en Febrero de 1917 precipitó la gestación de una tercera teorización en donde la centralidad del partido en la vanguardia del proceso revolucionario fue desplazada por el arrollador protagonismo de los soviets. Con su proverbial sagacidad Lenin advirtió esta mutación, una suerte de revolución copernicana en la esfera de la política, antes que ningún otro dirigente del partido Bolchevique y la dejó impresa para la historia en su asombrosa (y para muchos camaradas, escandalosa) consigna de “¡Todo el poder a los Soviets!” Esto significó, en los hechos, una extraordinaria revalorización del poderío insurreccional de estas inéditas formaciones políticas y un cierto –y transitorio- relegamiento del partido en la “fase más caliente” de la conquista del poder, antes y poco después del triunfo de Octubre. Como veremos más abajo de ninguna manera podría argüirse que Lenin había devaluado definitivamente la importancia del partido. Pero fino observador como era no podía dejar de corroborar su transitorio eclipse en el horno incandescente de la revolución, donde la  arrolladora potencia plebeya de los soviets y su condición de actores imprescindibles a la hora de lograr el triunfo definitivo de la revolución eran incuestionables. La historia se encargó de demostrar que aquella sorprendente consigna, tan discutida en su tiempo por sus propios camaradas bolcheviques, a la larga demostró ser acertada pues en el complejísimo tránsito entre la revolución democrático-burguesa de Febrero y la consumación de la revolución socialista de Octubre, el protagonismo excluyente recayó sobre los soviets y no sobre el partido. Lenin fue uno de los muy pocos que supo comprender este cambio y, también, en darse cuenta que este desplazamiento estaba lejos de ser definitivo y que más pronto que tarde el partido volvería a ocupar un lugar de preponderancia en las luchas políticas. Cosa que efectivamente ocurrió.

En efecto, la estabilización del poder soviético y los enormes desafíos de la construcción del socialismo -en un país devastado por la Primera Guerra Mundial y por la guerra civil declarada por la aristocracia terrateniente, los capitalistas y sus aliados en los gobiernos europeos- dio lugar al nacimiento de una nueva teorización sobre el partido, la cuarta. En esta nueva concepción el partido revolucionario es redefinido (y permítaseme abusar de un didáctico anacronismo) “en clave gramsciana”; es decir, el partido como el gran organizador de la dirección intelectual y moral de la revolución, como educador y concientizador de las masas y especialmente de la juventud; como el forjador de una nueva conciencia civilizatoria e instrumento imprescindible para asegurar la perdurabilidad del triunfo revolucionario. Los últimos escritos de su vida, ya consolidada la victoria de las masas obreras y campesinas rusas, marcan precisamente ese retorno del partido al centro de la escena política, resaltando su centralidad estratégica ante la inmensa tarea de dar comienzo a la construcción de la nueva sociedad comunista y de una nueva estatalidad revolucionaria que, inspirada en las enseñanzas de la Comuna de París, no debía ser remedo del estado capitalista. Y eso no sólo en el plano nacional: la creación de la Internacional Comunista en 1919 proyectó sobre el escenario mundial el papel del partido en momentos en que parecía que el capitalismo se enfrentaba a un callejón sin salida y que el triunfo de la revolución proletaria mundial parecía inminente.   

Concluyo esta breve reflexión diciendo que la habitual caracterización del revolucionario ruso como un atento lector y discípulo de Marx no le hace justicia a la inmensidad de su legado. Como constructor del primer estado obrero mundial, uno de cuyos más perdurables logros civilizatorios fue su decisiva contribución a la derrota del nazismo, y como refinado pensador que aportó valiosos y necesarios desarrollos al corpus teórico del marxismo la obra de Lenin alcanza una estatura teórica que no pasó desapercibida para un atento observador de la derecha. Hablamos, claro está, de Samuel P. Huntington, quien en uno de sus más importantes libros sentencia que “Lenin no fue el discípulo de Marx; más bien, éste fue el precursor de aquél. Lenin convirtió al marxismo en una teoría política,”[4] Tesis que sin duda debe ser tomada con pinzas y abre numerosas e inquietantes preguntas, pero que contiene algunos elementos de verdad que no pueden ser simplemente desdeñados. Y hoy, cuando se cumplen 150 años del nacimiento de Lenin, el desafío que nos propone la heterodoxa tesis del estadounidense es una buena ocasión para invitar a la militancia anticapitalista a retomar el estudio de la vasta producción teórica del fundador de la Unión Soviética.

Notas:


[1] Las Obras Completas de Lenin, que reúne los libros, artículos, ensayos, intervenciones periodísticas, discursos y mensajes de diversos tipo, fueron publicadas por primera vez en lengua castellana por la Editorial Cartago del Partido Comunista Argentino entre 1957 y 1973. Consta de 50 tomos y dos más conteniendo los índices de la obra. Cabe recordar que Lenin muere a los 54 años, lo cual pone de relieve el extraordinario caudal de su talento como escritor, publicista y dirigente  político.

[2] Para un análisis más detallado de estas cuestiones ver nuestra introducción en: V. I. Lenin, ¿Qué Hacer? Problemas candentes de nuestro movimiento (Buenos Aires: Ediciones Luxemburg, 2004), pp. 13-73.


[3] Lenin se refiere a este escrito suyo  en su ¿Qué Hacer?  (op. cit), pp. 75-83.


[4] Ver su  Political Order in Changing Societies  (New Haven: Yale University Press, 1968), p. 336.

FUENTE: Rebelión


quarta-feira, 22 de abril de 2020

PARA DOWNLOAD: Livro "Lenin 150"

Livro digital em homenagem aos 150 anos de nascimento de Lênin

No dia 22 de abril de 1870, um século e meio atrás, nascia o pensador marxista e líder revolucionário russo Vladímir Illitch Uliánov, mais conhecido como Lênin.

Em celebração aos 150 anos de seu nascimento, a editora Expressão Popular, em parceria com a editora Batalla de ideas, Argentina, LeftWord, Índia, e o Instituto Tricontinental de Pesquisa Social, traz à luz este volume cujo objetivo é manter vivo o pensamento e o exemplo deste que foi um dos mais importantes revolucionários da história. Lenin dedicou e empenhou sua vida em construir uma nova sociedade, baseada não na exploração do ser humano pelo ser humano, mas na cooperação entre si, a partir de novos valores que têm como princípio a humanidade e não a mercadoria.

O livro Lenin 150 reuni um breve texto de Vijay Prashad, que figura como apresentação às Obras escolhidas de Lenin publicada pela Leftword na Índia, que traz a trajetória política e teórica de Lenin, demonstrando sua preocupação cotidiana e permanente com a construção da organização da classe trabalhadora para a revolução social; o poema “Vladimir Ilitch Lenin”, de Maiakovski, cuja escrita se iniciou logo após a morte do dirigente revolucionário, em janeiro de 1924, e finalizada em outubro deste mesmo ano; e, por fim, o breve e denso texto de Lenin “As três fontes e as três partes componentes do marxismo”, em que ele recupera as tradições das quais Karl Marx se valeu para elaborar sua teoria social, a saber: a Filosofia clássica alemã, a Economia Política inglesa e o Socialismo francês.

LINK PARA DOWNLOAD: 

SUMÁRIO

Nota editorial ........................................................................................................ 5

Ao camarada Lenin, em seu 150º aniversário ........................................................ 7
Vijay Prashad

Vladimir Ilitch Lenin (1924)................................................................................17
Vladimir Maiakovski

As três fontes e três partes componentes do marxismo .......................................117
Vladimir I. Lenin

Mais informações no link abaixo:


Na Alemanha, lançado livro-áudio sobre Olga Benario Prestes

Por Marcos Cesar de Oliveira Pinheiro

Foi lançado na Alemanha o  livro-áudio sobre Olga Benario Prestes, em Compact Disc (CD), "Die Unbeugsame - Olga Benario in ihren Briefen und in den Akten der Gestapo". O livro-áudio, em alemão, encontra-se disponível para venda diretamente no site do Projeto Olga Benario ou no bandcamp.com.

O livro-áudio está baseado em dois livros de Robert Cohen, pesquisador suíço do tema. O primeiro livro é Olga Benario, Luiz Carlos Prestes: Die Unbeugsamen - Briefwechsel aus Gefängnis und KZ (Göttingen, Wallstein, 2013), uma coletânea da correspondência entre os dois revolucionários comunistas, Olga Benario Prestes e Luiz Carlos Prestes, enquanto ela era prisioneira na Alemanha nazista e ele encontrava-se preso no Brasil. As cartas atestam o grande amor existente entre eles. Conforme foi apontado por Robert Cohen (estudioso literário) na introdução do livro, embora a convivência entre eles tenha durado pouco mais de um ano, “a importância de uma relação não se mede por sua duração. Se quisermos saber alguma coisa sobre o amor entre duas pessoas, não devemos indagar o que as pessoas fazem do amor, mas sim o que o amor faz das pessoas. O que o amor fez de Olga Benario e Carlos Prestes descobrimos em suas cartas." 

O segundo livro é Der Vorgang Benario: Die Gestapo-Akte 1936 – 1942 (Berlim, Berolina, 2016), que traz material da coleção do chamado "Processo Benario", que faz parte dos chamados "documentos-troféus" (Trophäen-dokumente) nazistas, documentação apreendida pelos soviéticos após a derrota da Alemanha nazista em 1945.  O "Processo Benario" é composto de uma pasta, oito dossiês e cerca de 2 mil folhas dedicadas apenas a uma pessoa: Olga Benario Prestes. O acervo produzido pela Gestapo (a polícia secreta do Terceiro Reich alemão) é uma coleção impressionante, que inclui relatórios, depoimentos, fotografias e cartas enviadas e recebidas para Olga, desde sua saída do Brasil, em 1936,  durante seu cárcere no campo de concentração de Ravensbrück, até sua morte na câmara de gás do campo de concentração de Bernburg, em 1942. Segundo Robert Cohen, “O chamado 'Processo Benario' da Gestapo é talvez a coleção mais abrangente de documentos sobre uma única vítima do Holocausto.” Nas palavras dele:

Esses documentos formam - dialética incontornável - uma abrangente autoapresentação dos crimonosos e das ideologias, coações, mecanismos, organismos e estruturas que dirigiam. À medida que cuidam do arquivo do "Processo Benario", dia após dia, os criminosos fazem o que não podem querer fazer: eles dão informações sobre si mesmos. (Robert Cohen, Der Vorgang Benario: Die Gestapo-Akte 1936 – 1942, p. 8) 

O livro-áudio, portanto, apresenta-se como uma montagem de cartas entre Olga e Prestes e documentos da Gestapo que fornece uma visão incomparável do embate entre o mundo da vítima e o mundo do agressor. Assim, o livro-áudio (Compact Disc - CD) é composto da seguinte maneira:

Ute Kaiser lê as cartas de Olga Benario, conceito e direção.
Gabriela Börschmann lê os arquivos da Gestapo.
Martin Molitor lê as cartas de Luiz Carlos Prestes.

Ute Kaiser | Gabriela Börschmann | Martin Molitor


No site do Projeto Olga Benario (http://www.olgabenario.de) está uma amostra de áudio de quase 10 minutos .

O livro-áudio traz um suplemento, um livreto de 40 páginas, com texto de Robert Cohen. 

Para o público brasileiro, que não tem o domínio do alemão, como eu, a apreciação das informações valiosas e inéditas encontradas no chamado "Processo Benario" pode se dar através do livro Olga Benario Prestes: uma comunista nos arquivos da Gestapo (Boitempo, 2017), escrito pela historiadora Anita Leocadia Prestes. O acervo vasculhado pela autora, como afirma Fernando Morais no texto de orelha do livro, "revela minúcias do monitoramento a que Olga era submetida pelas autoridades em todas as prisões e campos de concentração em que esteve entre 1936-1942, quando foi executada em uma câmara de gás." Morais prossegue chamando a atenção do leitor do livro de Anita para "a pétrea decisão de Olga de não transmitir a seus algozes nem sequer uma solitária informação a respeito de seu passado e de suas atividades políticas na União Soviética e no Brasil", ressaltando ele, "ainda que esse obstinado silêncio viesse a lhe custar, como ocorreu dezenas e dezenas de vezes, penosos castigos físicos e privações ainda mais duras que as do cotidiano de um campo de concentração nazista." Penas, frequentemente, atribuídas à Olga com a seguinte recomendação: "Ademais, solicito que lhe seja atribuída uma árdua carga de trabalho adicional".

Como encerra o texto da orelha do livro, Fernando Morais afirma: "Mais que uma obra de referência, Olga Benario Prestes: uma comunista nos arquivos  da Gestapo é a pungente, dolorosa história de uma revolucionária exemplar."

O acervo histórico que deu origem ao livro-áudio e ao livro de Anita Prestes, os chamados "documentos-troféus" (Trophäen-dokumente) acumulados pela Gestapo, foi preservado pela União Soviética e aberto para consulta pública em 2015. Como afirma Roberto Cohen, no prefácio do livro Der Vorgang Benario: “Em 29 de abril de 2015, ocorreu uma abertura solene no Museu das Forças Armadas em Moscou […]. O motivo foi a publicação on-line de arquivos anteriormente inacessíveis do Reich Alemão, provenientes de arquivos russos [www.germandocsinrussia.org]". 




segunda-feira, 20 de abril de 2020

El rey desnudo

Todos los analistas juiciosos (excepto los voceros del imperio y de la ultraderecha) coinciden en que el coronavirus ha retirado bruscamente el velo de la supuesta bonanza neoliberal para descubrir la barbarie, sus abismos de injusticia y desigualdad

Por Abel Prieto

Cuenta Hans Christian Andersen de dos pícaros que se hicieron pasar por sastres para prometerle a un rey el más bello traje imaginable.

Todos admirarían su atuendo, le dijeron, excepto aquellos nacidos de un amorío extramatrimonial de sus madres. Cuando el rey fue a probárselo, junto a sus cortesanos, nadie, ni el propio rey, vio traje alguno; pero todos pensaron con angustia que eran hijos de relaciones pecaminosas y decidieron alabar con entusiasmo el ropaje imaginario y la genialidad de sus creadores.

El día de la fiesta de la villa, el rey «se vistió» y, montado en su caballo, desfiló por las calles. Los pobladores callaban, avergonzados, creyéndose indignos de percibir el traje milagroso. Hasta que un niño inocente exclamó «¡el rey va desnudo!» y logró, sin proponérselo, que todos descubrieran la farsa.

Con el grito del niño de la fábula se hizo pedazos, como por encanto, la mentira generalizada.

Hoy la naturaleza inhumana del capitalismo y su versión más obscena, el neoliberalismo, ha sido desnudada por el coronavirus. Su rostro satánico quedó expuesto, sin máscaras ni afeites. Se han abierto grietas muy hondas en el espejismo fabricado por la maquinaria de dominación informativa y cultural.

Fidel repitió muchas veces que el capitalismo y el neoliberalismo conducen al mundo entero al genocidio. Y lo dijo con énfasis particular cuando se derrumbó el socialismo en Europa y el coro triunfal de la derecha celebró el advenimiento del Reino Absoluto del Mercado como sinónimo de «libertad» y «democracia», mientras buena parte de la izquierda mundial se replegaba, desmoralizada.

Todos los analistas juiciosos (excepto los voceros del imperio y de la ultraderecha) coinciden en que el coronavirus ha retirado bruscamente el velo de la supuesta bonanza neoliberal para descubrir la barbarie, sus abismos de injusticia y desigualdad.

La pandemia ha funcionado como un instrumento revelador que destapa, desenmascara, y nos enfrenta crudamente a la realidad.

Uno de los rasgos del sistema, que la pandemia ha sacado a la luz, tiene que ver con el dilema ético en que se han visto los médicos obligados a elegir (ante la escasez de respiradores y medicamentos indispensables, de camas en hospitales y unidades de cuidados intensivos) entre enfermos que pueden considerarse «salvables» y aquellos «insalvables», más viejos, más frágiles, con mayores complicaciones.

Esta división tan cruel nace de entender los servicios de salud y la industria farmacéutica como un lucrativo negocio, donde no hay pacientes, sino clientes.

En 2013, un ministro de Finanzas japonés solicitó a los ancianos de su país que se hicieran el harakiri para aliviar de cargas excesivas al presupuesto, y hace poco el vicegobernador de Texas, Dan Patrick, hizo un comentario parecido. Es monstruoso, pero habría que agradecerles su didáctica franqueza.

Según la doctrina neoliberal, el Estado reduce su papel al mínimo y queda como servidor de las corporaciones, mientras que el mercado, mediante la competencia, divide a la humanidad en una minoría de «ganadores», es decir, de «salvables», y la gran masa de «perdedores» o «insalvables».    

Ya en medio de la pandemia, la primera reacción de ciertos políticos neoliberales, como Trump y Bolsonaro, fue restarle importancia y mirar hacia otra parte, sobre todo para no afectar la economía. Evidentemente, dentro de su lógica, el coronavirus debía concentrarse en «los perdedores», en el populacho «descartable», en las razas «inferiores», migrantes o no, en aquellos cuya vida y dignidad no tienen ningún valor, en los que debieran hacerse de una vez el harakiri. Pero la epidemia, como sabemos, fue más lejos de lo previsto, y hubo que cambiar de manera oportunista el enfoque del tema. 

Es del mismo modo demagógico y falso el discurso de las élites que asegura que el coronavirus «nos iguala», ya que ataca a ricos y pobres de la misma manera.

La gente rica (subraya Ingar Solty) puede pagarse el servicio de médicos-conserje durante las 24 horas del día. Además: «…puede someterse a la prueba de detección del virus, aunque no tenga síntomas, recibe concentradores de oxígeno, máscaras respiratorias, etc., mientras que gente trabajadora con síntomas de la covid-19 ha de luchar para que le hagan la prueba y luego pagar la factura».

Las élites, según un reportaje de The New York Times, se construyeninstalaciones aisladas, con máximo confort y equipamiento y personal clínico especializados; viajan en yates o aviones privados a sitios adonde no ha llegado hasta ahora el virus, y se permiten curiosos caprichos y extravagancias. Hay «famosos» que compran gel antibacterial de marca y nasobucos muy caros (y se hacen selfis para lucirlos en las redes). Uno prefiere un elegante «tapabocas urbano» de la compañía sueca Airinum, provisto de cinco capas de filtración y un «acabado ultrasuave ideal para el contacto con la piel». Otro, de Cambridge Mask Co., empresa británica que usa «capas de filtrado departículas y carbono de grado militar».

En las antípodas de estos millonarios, están los grupos que, según Boaventura de Sousa Santos, «tienen en común una vulnerabilidad especial que precede a la cuarentena y se agrava con ella»: mujeres, trabajadores precarios e informales, vendedores ambulantes, moradores de las periferias pobres de las ciudades, ancianos, internados en campos de refugiados, inmigrantes, poblaciones desplazadas, discapacitados. En suma, la cuarentena refuerza «la injusticia, la discriminación, la exclusión social y el sufrimiento».

Sousa Santos se hace (y nos hace) preguntas que son dardos: «¿Cómo será la cuarentena para aquellos que no tienen hogar? Personas (…) que pasan las noches en viaductos, estaciones abandonadas de metro o tren, túneles de aguas pluviales o (…) de alcantarillado, en tantas ciudades del mundo. En ee. uu. los llaman tunnel people. ¿Cómo será la cuarentena en los túneles?».

Pero hay otra pregunta que recorre el planeta en medio de la incertidumbre, del miedo, de la avalancha creciente de cifras de muertos y contagiados, y de imágenes escalofriantes de cadáveres en las calles: ¿qué pasará después de la epidemia?

El propio António Guterres, secretario general de la onu, ha dicho: «…no podemos regresar adonde estábamos (…) con sociedades innecesariamente vulnerables a la crisis. La pandemia nos ha recordado, de la manera más dura posible, el precio que pagamos por las debilidades en los sistemas de salud, las protecciones sociales y los servicios públicos. La pandemia ha subrayado y exacerbado las desigualdades…».

Atilio Borón, en la más lúcida reflexión que se ha escrito en torno a esta crisis, afirma que «la primera víctima fatal» de la pandemia «fue la versión neoliberal del capitalismo»: «un cadáver aún insepulto pero imposible de resucitar».

El capitalismo, en cambio, como dijo Lenin, «no caerá si no existen las fuerzas sociales y políticas que lo hagan caer». Sobrevivió a la llamada «gripe española» y «al tremendo derrumbe global» de la Gran Depresión.  Ha demostrado «una inusual resiliencia (…) para procesar las crisis e inclusive salir fortalecido de ellas». Por otra parte, en el presente, ni en ee. uu. ni en Europa se perciben «aquellas fuerzas sociales y políticas» señaladas por Lenin, por lo que no es realista pensar en un desplome inminente del sistema capitalista.

Atilio nos propone como hipótesis de trabajo un mundo pospandémico con «mucho más Estado y mucho menos mercado», masas populares más conscientes y politizadas –gracias a las terribles lecciones del virus y del neoliberalismo– y «propensas a buscar soluciones solidarias, colectivas, inclusive socialistas». En medio, además, de una nueva geopolítica, con el imperialismo estadounidense desacreditado, carente de liderazgo y sin prestigio internacional de ningún tipo.

El escenario posterior a la pandemia representa, para Atilio, un «tremendo desafío» para «todas las fuerzas anticapitalistas del planeta», y «una oportunidad única, inesperada, que sería imperdonable desaprovechar». Hay que «concientizar, organizar y luchar, luchar hasta el fin».

Y evoca a Fidel en una reunión de la Red En defensa de la Humanidad de 2012: «…si a ustedes les dicen: tengan la seguridad de que se acaba el planeta y se acaba esta especie pensante, ¿qué van a hacer, ponerse a llorar? Creo que hay que luchar, es lo que hemos hecho siempre».

Hace muy bien Atilio en recordar a Fidel ante la crisis, la incertidumbre, el horror y el espectáculo del neoliberalismo, desnudo y en ridículo como el rey de la fábula. Y también ante las esperanzas que pudieran abrirse. Gracias a sus ideas y a su obra, Cuba pone su desarrollo científico, y el sector de la salud, y todas las potencialidades del Estado al servicio del ser humano, y en particular de los más vulnerables. Si vamos a pensar en serio en un mundo futuro más justo, hay que recordar, como Atilio, a Fidel y a Cuba.

Nuestros médicos y enfermeros internacionalistas anticipan, día a día,  esa utopía con la que muchos sueñan ahora.

FUENTE: Granma

domingo, 19 de abril de 2020

90 anos sem José Carlos Mariátegui

Em 16 de abril de 1930, faleceu o revolucionário peruano José Carlos Mariátegui, lembrado como um dos expoentes do marxismo sul-americano. Escreveu uma obra significativa para a interpretação do desenvolvimento capitalista na América do Sul, apresentando contribuições marcantes em questões como o desenvolvimento econômico, a questão indígena, entre tantas outras. Enquanto o movimento comunista sul-americano encontrava-se atado à visão etapista da revolução, já no final da década de 1920, Mariátegui preconizava o caráter socialista da revolução na América Latina, ressaltando a necessidade de considerar as peculiaridades do capitalismo em cada país do continente e defendendo a luta por um socialismo que não fosse "nem cópia nem decalque, mas, sim, invenção heroica" dos povos. Mariátegui, nascido em 14 de junho de 1894, foi um escritor, jornalista, sociólogo e militante político peruano. Trabalhou com jornalismo de 1908 até 1919, passando por publicações como La Prensa e El Tiempo. Publicou poemas e revistas de humor e arte. A partir de 1918, voltou-se ao socialismo. Passou uma temporada na Europa, como correspondente. Ao retornar ao Peru, criou muitas publicações com forte conteúdo de crítica social, entre elas, a célebre revista Amauta, palavra quéchua que significa “sábio, sacerdote”, e que se tornou uma espécie de alcunha do próprio Mariátegui. Fundou em 1928 o Partido Socialista Peruano e deu início ao seu trabalho de investigação da realidade peruana sob um olhar marxista. Sua obra teórica e sua visão sobre a formação social e étnica da indo-américa influenciaram desde a Revolução Cubana e Che Guevara até os zapatistas de Chiapas, e inspirando ainda movimentos de luta pela igualdade e pela emancipação em toda a América Latina. Dentre os vários livros que escreveu, destacam-se Siete ensayos de interpretación de la realidad peruana e La escena contemporánea

LEIA O TEXTO DE FLORESTAN FERNANDES, clicando no título a seguir: "Significado Atual de José Carlos Mariátegui" (Revista Princípios, nº 35, nov/94-jan/95, págs: 16-22.)

Leia também: "Contribuições de José Carlos Mariátegui às análises em política educacional"
Por Gilcilene Oliveira Damasceno Barão e Leandro Sartori Gonçalves
Revista Germinal, v. 9, n. 3 ( set./dez. 2017)

Para download:

MRIÁTEGUI, José Carlos. Siete ensayos de interpretación de la realidad peruana. Caracas, Biblioteca Ayacucho, 3ª ed, 2007, 470p.



José Carlos Mariátegui. Obras. Tomo 1 (Antología Casa de las Américas)
[Incluye “En defensa del marxismo”, “Historia de la crisis mundial”, “La escena contemporánea” y muchos otros textos emblemáticos del marxista peruano.]



El movimiento revolucionario latinoamericano. Versiones de la Primera Conferencia Comunista latinoamericana de 1929. Secretariado Sudamericano de la Internacional Comunista.
(Polémica y debate entre los partidarios de Victorio Codovilla y los delegados de José Carlos Mariátegui.)


sexta-feira, 17 de abril de 2020

Maria Aragão, médica comunista completaria 110 anos.

Por  Sergio Caldieri*

Maria Aragão em 1960. Foto: livro Maria por Maria (gov. Maranhão)

A ativista Maria Aragão, médica comunista do Maranhão completaria 110 anos no último 10 de fevereiro. Nasceu em 1910, numa família de sete filhos, no Engenho Central, em Pindaré-Mirim, uma área de grandes conflitos por terras no Maranhão. Muito jovem mudou-se para ao Rio de Janeiro, para estudar Medicina na antiga Universidade do Brasil, em 1934. Durante o curso para elite branca e homens, ela sustentava-se dando aulas particulares de português aos motoristas e operários.

Tornou-se admiradora do líder comunista Luiz Carlos Prestes quando foi assistir o famoso comício do então “Cavaleiro da Esperança”, no estádio do Vasco da Gama, em 23 de maio de 1945. Assim como Prestes, ela se desiludiu com a linha político ideológica tomada pelo “Partidão”. Em 1981, Maria Aragão filiou-se ao PDT, criado por Leonel Brizola, que tinha, entre as lideranças negras, o jornalista, escritor e ex-senador Abdias do Nascimento, Edialeda Salgado, Caó de Oliveira, José Miguel, Joel Rufino dos Santos, Lélia Gonzalez e tantos outros. 

Maria Aragão poderia fazer carreira de medicina no Rio de Janeiro, mas preferiu dedicar seus conhecimentos à população abandonada de seu estado. Depois da sua formatura em 12 de novembro de 1942, voltou para São Luiz e, já filiada ao PCB – o “Partidão” –, dividia seu tempo entre o trabalho na pediatria de hospitais públicos e a militância política, enfrentando tanto o poder dos coronéis quanto pistoleiros a serviço das elites locais.

Maria Aragão aos 81 anos se mantinha fiel à própria ideologia e dedicada à saúde da população mais humilde de seu estado majoritariamente negro, onde predominavam as religiosidades de matriz africana como o Tambor de Mina, o Vodum, a Umbanda e manifestações populares como o Tambor de Crioula e o Bumba Meu Boi, entre outros. Maria manteve as portas abertas da sua casa com uma mesa farta de comidas para o povo faminto de São Luiz do Maranhão.

A classe dominante e o padre de uma Igreja espalharam a palavra “comunista”, que a médica, volta e meia, era chamada de prostituta e de besta-fera. Chegou a ser apedrejada na cidade de Codó. 

Iniciou como médica pediatra e mudou sua especialização para a ginecologia permitiu-lhe pôr em prática uma bandeira defendida por ela dentro do partido político: a valorização da saúde da mulher, principalmente as prostitutas. Ela atendia de graça, ia na casa dos pacientes e sem dinheiro para o bonde. Andava muito à pé nos bairros pobres de Sao Luiz.

Ela dirigiu o jornal Tribuna do Povo. Enfrentou as oligarquias, foi presa  uma dezena vezes, torturada com agressões físicas e morais, perseguida tanto pela ditadura de Vargas. Em 1951, quando foi presa deu uma 'joelhada' nos culhões do policial. Ficou presa por 80 dias e soltaram quando Luiz Carlos Prestes mandou um advogado.

 Depois do golpe militar de 1964, precisou sair do Brasil, e foi viver seu exílio na União Soviética, onde recebeu o Prêmio Lênin da Paz, pelo seu reconhecimento como a maior líder das lutas populares e causas sociais do Maranhão. Maria realizou estudos que a habilitaram à direção partidária do PCB. Fez parte da corrrente 'Prestista" ao lado de Gregório Bezerra.

Segundo Oswaldo Faustino, 'quem estivesse de passagem pela cidade de São Luís, na manhã de 24 de junho de 1991, e assistisse à multidão em cortejo, acompanhando o caixão levado por um caminhão do Corpo de Bombeiros, coberto com as bandeiras do PCB (Partido Comunista Brasileiro), da CUT (Central Única dos Trabalhadores), do PDT (Partido Democrático Trabalhista) e da agremiação carnavalesca Favela do Samba, jamais imaginaria que se tratava do funeral de uma médica negra. Uma passeata de trabalhadores rurais uniu-se ao cortejo que saiu da Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão, onde ocorreu o velório. Quem seria, afinal, essa mulher cujo sepultamento no Cemitério do Gavião comoveu uma cidade inteira? Por que enquanto o caixão descia à sepultura se ouviram discursos de políticos, o hino nacional e também o hino da Internacional Socialista?'

Em parceria com a Escola Nacional Florestan Fernandes, a Editora Expressão Popular lançou o documentário “Maria Aragão e a organização popular” – DVD acompanhado de um livro – sobre essa mulher que venceu a fome, a miséria e os preconceitos raciais e políticos. 

No Centro Histórico da capital maranhense, em 2004, foi inaugurado o Memorial Praça Maria Aragão, projetado pelo seu querido amigo Oscar Niemeyer, com o acervo e um busto da maior revolucionária comunista do Maranhão, na Avenida Beira-Mar, às margens do Rio Anil.

Conheci Maria Aragão no aniversário de Luiz Carlos Prestes quando completou 83 anos, em 3 de janeiro de 1981, no Clube Sampaio, no subúrbio carioca. Os fascistas soltaram uma bomba e Maria Aragão fez um inflamado discurso no meio do salão e foi muito aplaudida.

*Sergio Caldieri - Jornalista, escritor e diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Rio de Janeiro-SJPERJ.

FONTE: Gama Livre


Documentário - Maria Aragão e a organização popular