quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Secretário-geral da ONU: Cuba tem a escola de medicina mais avançada do mundo

Por Vanessa Silva, do Vermelho



Ban Ki-moon visita a Escola Latino-Americana de Medicina em Havana


O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, visitou nesta terça-feira (28) a Escola Latino-Americana de Medicina (Elam) em Havana, para conhecer o projeto desenvolvido pela ilha comunista que já formou mais de 11 mil médicos de 123 países.

Ban Ki -moon , que realiza uma visita oficial e é convidado na 2ª Cúpula Celac, foi recebido pelo Dr. Rafael Gonzalez Ponce de León reitor da instituição e pelo Ministro cubano de Saúde Pública, Dr. Roberto Morales Ojeda .

"Formar médico de ciência e consciência é a função desta escola", disse ao secretário-geral o reitor da Elam, que explicou como funciona o programa educacional da escola, onde estudam atualmente 1015 estudantes e conta com nove graduações e mais de 20 mil diplomados.


Ban Ki-moon visita a Escola Latino-Americana de Medicina em Havana

O Secretário- Geral da ONU elogiou Cuba pelo que chamou de "contribuições geniais para a saúde no mundo, e por estar na vanguarda da cooperação Sul-Sul". E acrescentou: “pude ver em várias comunidades, muitas esquecidas, um fator comum: médicos cubanos ou formados em Cuba, estão lá ajudando a salvar vidas", disse Ban.

"Cuba tem uma longa história de cooperação. Médicos cubanos são os primeiros a chegar e os últimos a sair. Cuba pode ensinar ao mundo sobre o seu sistema de saúde baseado na atenção primária, com conquistas significativas como baixa mortalidade, aumento da expectativa de vida e cobertura universal", declarou.

Cuba nos dá uma lição de solidariedade e generosidade, pontuou. "Todos somos um, humanos e irmãos. A saúde humana tem de deixar de ser o privilégio de poucos para se tornar direito de muitos", reforçou.

Ban Ki –moon também parabenizou os alunos da Elam que classificou como "a escola de medicina mais avançada do mundo".

"A saúde e o tratamento de doenças preveníveis é um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas e uma prioridade para salvar vidas. Isso é o que faz Cuba aqui e no mundo", observou.

A Elam surgiu em 1998, quando os furacões Mitch e George atingiu vários países da América Latina e do Caribe, deixando mais de 30 pessoas mortas. Médicos cubanos, em seguida, partiram para as áreas mais afetadas. Posteriormente, por ideia Fidel Castro, teve início a formação de médicos em Cuba de diferentes nações, que poderiam fornecer ajuda e mudar a situação da saúde em áreas carentes, remotas e mais pobres do mundo .

Com informações do CubaDebate.

Ban Ki-moon visita a Escola Latino-Americana de Medicina em Havana

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A LIÇÃO DE FIDEL A DILMA

O que a presidente brasileira pode aprender com Fidel Castro, no olhar de Carlos Latuff




Fidel sostiene encuentro con Dilma Rousseff



El líder histórico de la Revolución, Fidel Castro Ruz, sostuvo al atardecer de hoy [27/01] un encuentro fraternal con la presidenta de la República Federativa Dilma Rousseff, quien asiste al frente de la delegación de su país a la II Cumbre de la CELAC y realiza una visita oficial a Cuba.
En un ameno diálogo, Dilma refirió su particular motivación al asistir a la inauguración de la primera fase de la Zona Especial de Desarrollo Mariel, subrayó su importancia para Cuba y como ejemplo concreto del proceso de integración que tiene lugar entre nuestros pueblos. Dilma comentó su satisfacción por el desempeño de nuestros médicos en los lugares más apartados de Brasil.
En el fructífero intercambio fueron tratados, además, otros temas de interés en el ámbito internacional.
El encuentro fue expresión del afecto y la admiración entre Fidel y Dilma.
FONTE: CubaDebate

O quase milagroso fortalecimento da Celac e o sonho da "Pátria Grande"

Por Atílio Borón

Não é um milagre, mas quase. Contra todos os prognósticos, a Celac (Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos) vai se consolidando como instituição "nuestroamericana" e está a ponto de celebrar em Havana sua segunda cúpula de presidentes. 

Dizemos "milagre" porque quem poderia ter imaginado, há apenas cinco anos, que o sonho bolivariano de Hugo Chávez – sonho fundando em um impecável diagnóstico da geopolítica mundial – de construir um organismo regional sem a presença dos Estados Unidos e do Canadá, daria frutos?

Ele, Chávez, e aqueles que o acompanharam nessa empreitada patriótica, tiveram que vencer toda a classe de obstáculos: a resignação de alguns governos, a claudicação de outros, o ceticismo dos mais distantes e a sistemática oposição de Washington, dado menor na política de outros países. Eppur si muove, diria Galileu, ao contemplar a co-criação desse projeto bolivariano que pela primeira vez na história comum a todas as nações da América Latina e do Caribe com a única exceção – até o momento! – de Porto Rico. Sem dúvidas, o fortalecimiento da Celac – como o da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) no plano sul-americano – são muitos boas notícias para a causa da emancipação da Pátria Grande.


A Casa Branca tentou primeiro impedir o lançamento da Celac, em dezembro de 2011 em Caracas, com a presença de seu incansável promotor e mentor, já atacado por um câncer que lhe custaria a vida. Ao fracassar em sua tentativa, o império mobilizou seus aliados regionais para abortar – ou pelos menos, adiar para um futuro indefinido – a iniciativa. Tampouco funcionou. A próxima estratégia consistiu na utilização de alguns de seus incondicionais peões na região como cavalos de Tróia, para estragar o projeto desde dentro.

Não avançou muito, mas conseguiu que o primeiro governo que exerceu a presidência pro tempore da Celac, em 2012, o Chile de Sebastián Piñera, declarasse por meio da boca de Alfredo Moreno, seu chanceler, que "a Celac será um fórum não uma organização, que não terá sede, secretariado, burocracia nem nada disso". Um fórum! Quer dizer, um âmbito de amáveis e intranscendentes prática de governantes, diplomatas e especialistas que nem de longe colocariam em questão a dominação imperialista na América Latina e o Caribe.

E a Casa Branca também conseguiu, através do militante ativismo de seus principais amigos da Aliança do Pacífico: México, Colômbia e Chile, que todas as decisões da Celac deveriam ser adotadas por unanimidade. Parece que a "regra da maioria" – tão cara para a tradição política estadounidense – somente funciona quando lhes convêm; quando não, se impõe um critério que, de fato, dá poder de veto a qualquer dos 33 membros da organização. Mas essa é uma faca de dois gumes: Panamá e Honduras poderiam vetar uma resolução que exija colocar um fim ao status colonial de Porto Rico, mas Bolívia, Equador e Venezuela poderiam fazer o mesmo frente a outra que proponha requerir a colaboração do Comando do Sul dos EUA para combater o narcotráfico.

O segundo turno presidencial da Celac, em 2013, foi de Cuba, e o presidente Raúl Castro Ruz deu passos importantes para desbaratar as manobras do chanceler chileno: a institucionalização da Celac avançou e foi criado um embrião de uma organização que para essa próxima cúpula conseguiu elaborar 26 documentos de trabalho, algo que nenhum fórum faz. Algumas propostas, como a declaração da América Latina e o Caribe como uma "Zona de Paz" serão objeto de um debate surdo, porque não se trata só de evitar a presença de armas nucleares na região – como saber se elas não existem na base de Mount Pleasant, nas nossas Ilhas Malvinas? – mas também de utilizar o recurso da força para resolver conflitos internos.

Esse tema faz alusão subliminar à tradição intervencionista de Washington na América Latina e na presença de 77 bases militares na região, cujo propósito é exatamente esse: intervir, quando as condições lhes convenham, com sua força militar na política interna dos países da região complementando a aberta intervenção que Washington já realiza em todos eles.

Lembrem-se, para citar um exemplo bem didático, o papel decisivo da "embaixada" para determinar o ganhador da recente eleição presidencial em Honduras. O tema, como se pode ver, será um dos mais urticantes e divisórios porque há governos, e não são poucos, que não somente toleram a presença dessas bases militares norte-americanas mas que, como Colômbia, Peru e Panamá, as reivindicam.

Porto Rico

Outro tema potencialmente disruptivo é a aprovação da proposta venezuelana de integrar Porto Rico à Celac – que é absolutamente lógico levando em conta a história e o presente desse país, assim como sua cultura, sua língua e suas tradições – mas que provavelmente suscitará reservas entre os governos mais próximos a Washington, para quem Porto Rico é um inegociável espólio de guerra. Uma guerra cuja vitória foi apreendida dos patriotas cubanos e graças à apropriação de Cuba, Porto Rico e Filipinas, a Roma americana iniciaria a transição de república a império.

Se desconta, em troca, um apoio unânime para o pedido argentino com relação às Ilhas Malvinas, ao levantamento do bloqueio a Cuba e para outras propostas direcionadas a reforçar os vínculos comerciais, políticos e culturais. Se sabe que o Equador apresentará uma proposta de repúdio à espionagem realizada pelos EUA e de desenvolvimento de uma nova rede de comunicação na Internet a salvo da interdição de Washington; e é provável que se aprovem propostas concretas em relação ao combate à pobreza e que examinem alternativas para consolidar o Banco do Sul e, eventualmente, para criar uma grande empresa petroleira latino-americana, tema sobre o qual o presidente Chávez havia insistido uma e outra vez.

A transição geopolítica internacional em curso, e que se manifesta no deslocamento do centro de gravidade da economia mundial até a Ásia-Pacífico; a declinação do poderio global dos EUA; a irreparável queda do projeto europeu; a persistência da crise econômica iniciada no fim de 2007 e que parece somente se acentuar com o passar do tempo e a permanência de uma "ordem" econômica mundial que concentra riqueza, marginaliza nações e aprofunda a depredação do meio ambiente têm atuado como poderosos incentivos para remover a inicial desconfiança que muitos governos tinham em relação à Celac.

Costa Rica

O acordo fechado em Caracas em 2011 estabelecia que uma troika tomaria sucessivamente conta da presidência durante os primeiros três anos: começou com o Chile, depois Cuba (ratificando o repúdio continental ao bloqueio estadunidense e seu propósito de isolar a Revolução Cubana) e, ao fim dessa cúpula, a presidência será passada à Costa Rica. O país, incondicional aliado de Washington, deverá enfrentar decisivas eleições em 2 de fevereiro, quando pela primeira vez em décadas a hegemonia política da direita neocolonial costarriquenha estará ameaçada pela ascenção de um novo e surpreendente ator político: a Frente Ampla.

A atual presidenta, Laura Chinchilla, por muitos anos funcionária da USAID, garantia com o triunfo do oficialismo a "domesticação" da Celac e o retorno ao projeto cunhado por Sebastián Piñera e expressado com total descaro por seu chanceler. Mas todas as pesquisas dão por certo que haverá segundo turno e então, o discurso e as propostas bolivarianas do candidato da Frente Ampla, José M. Villata, poderiam catapultá-lo à presidência Costa Rica.

Com certeza, assim como aconteceu há poucos meses com as eleições presidenciais na vizinha Honduras, todo o aparato de inteligência, manipulação midiática e o financiamiento dos partidos amigos já foi colocado em ação por Washington, para quem uma derrota da direita neocolonial costarriquenha seria um revés de amplas repercussões regionais. Se isso acontecesse, a Celac poderia dar um novo passo em direção sua definitiva institucionalização, algo que a América Latina e o Caribe precisam impostergavelmente.

Atilio Borón é cientista político argentino.

FONTE: Solidários

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

MARX 2014 - Seminário Nacional de Teoria Marxista


O evento Marx 2014, que ocorrerá entre os dias 12 e 15 de maio de 2014 na Universidade Federal de Uberlândia, visa debater a obra de Marx e os diversos marxismos. O evento é voltado para pesquisadores de graduação e pós-graduação, professores, integrantes de movimentos sociais e demais interessados.

Consulte a chamada de trabalhos para o evento MARX 2014| Seminário Nacional de Teoria Marxista.

Eixos temáticos|

1. Marxismo e socialismo na América Latina
2. Pensamento de Marx e Engels
3. Correntes do pensamento marxista e socialista
4. Trabalho e sindicalismo
5. Política e estado
6. Cultura e arte
7. Economia política
8. Movimentos sociais
10. Opressões: Etnia, gênero e diversidade sexual
11. Educação


Proposta de Trabalho|         
                                                                       
O primeiro passo é enviar um resumo expandido como proposta de trabalho a ser avaliada pela comissão organizadora. As propostas de trabalho (Resumo expandido) deverão ser enviadas para o email seminariomarx@gmail.com de 27/01/2014 até 10/03/14, em arquivo único, habilitado para edição com as seguintes informações:

1. Nome, e-mail para contato e breve resumo da formação acadêmica;
2. Título da comunicação;
3. Palavras-chave (três a cinco);
4. Indicação do eixo (cf. lista acima);
5. Resumo expandido (entre 4 e 5 mil caracteres).

Cada trabalho inscrito poderá contar com até dois autores, sendo que ambos deverão estar inscritos no evento como autores. Cada autor poderá enviar uma única proposta de trabalho para um único eixo temático, devido a simultaneidade dos grupos de comunicação.

Aqueles que tiverem propostas aprovadas deverão enviar os trabalhos completos até 21/04/2013. Os trabalhos completos serão publicados eletronicamente através de CD-Rom.



Trabalhos Completos|

Aqueles que tiverem as propostas de trabalho (resumo expandido) aprovadas devem enviar os trabalhos completos para o e-mailseminariomarx@gmail.com de 24 de março a 21 de abril de 2014.



Normas para envio de trabalhos completos|

- Os trabalhos devem seguir as seguintes orientações:

a) Tamanho: entre 25 e 35 mil caracteres (com espaço).

b) Fonte: Times New Roman, alinhamento justificado, tamanho 12 para o corpo do texto, 11 para as citações diretas longas (acima de três linhas) e 10 para as notas de rodapé, paginação, legendas das ilustrações, tabelas e gráficos.

c) Espaçamento: 1,5 cm entre linhas no corpo do texto e simples nas citações diretas longas e nas notas de rodapé.

d) Notas de rodapé: ao final de cada página correspondente e não ao final do texto.

e) Textos em arquivo único e formato habilitado para edição. O nome do arquivo deve ser o título do trabalho.

f) A submissão deve conter:
• Título do texto: Primeira letra maiúscula e restante minúsculas, em negrito e centralizado.
• Nome(s) do(s) autor(es), abaixo do título e alinhado à direita, seguido de nota de rodapé que o identifique (instituição, formação, e-mail para contato).
• Resumo em português com, no máximo, 250 palavras.
• Palavras-chave em português, separadas por ponto e vírgula.
• Referências bibliográficas.
• Glossário, apêndices e anexos (opcional).


- Citações

a) As citações diretas longas, com mais de três linhas, devem ser apresentadas sem aspas, em parágrafo próprio, com recuo de 4 cm em relação à margem esquerda, letra tamanho 11, espaçamento simples.

b) Apresentar referências bibliográficas das citações diretas e indiretas no corpo do texto, seguindo o seguinte modelo: (SOBRENOME DO AUTOR, ano da publicação: página em que se encontra a referência).

c) No caso de sites e páginas da web, indicar o endereço eletrônico no corpo do texto entre parênteses. Exemplo: (http://www.marxists.org/portugues/marx/index.htm). Não esquecer de colocar a referência completa na bibliografia final.

d) Indicar supressão de partes do texto nas citações diretas com reticências entre colchetes.


- Referências bibliográficas

Apresentar as obras consultadas e de referência utilizadas para a redação do artigo ao final do texto, em ordem alfabética do sobrenome do autor. Identificar a obra da seguinte forma:

a) Livros:
SOBRENOME, Nome. Título em itálico. Local de publicação: nome da editora, data.

b) Artigos em coletâneas:
SOBRENOME, Nome. Título do artigo. In: SOBRENOME, Nome do(s) Organizador (es). Título da coletânea em itálico. Local de publicação: nome da editora, data.

c) Artigos em periódicos:
SOBRENOME, Nome. Título do artigo. Título do periódico em itálico, local, volume, número do periódico, páginas inicial-final, data.

d) Tese ou dissertação acadêmica
SOBRENOME, Nome. Título em itálico. Tipo (tese ou dissertação). Universidade. Local de publicação, data.

d) Artigos em periódicos da Internet:
SOBRENOME, Nome. Título do artigo. Nome da Revista em Itálico, local, volume, número, data. Disponível em: . Acesso em: 01 fevereiro 2014.

e) Páginas da Internet:
SOBRENOME, Nome. Título da página em itálico. Disponível em: . Acesso em: 01 fevereiro 2014.



Comunicações|

Os trabalhos serão apresentados em comunicações orais, organizadas segundo os eixos temáticos. Resguardado o direito da comissão organizadora remanejar os eixos temáticos e os trabalhos conforme a quantidade e os temas dos trabalhos aprovados.



Certificados|

Os certificados serão emitidos àqueles que estiverem devidamente inscritos como autor(es) e cujos trabalhos forem efetivamente apresentados no Seminário.

Só serão publicados no CD ROM os artigos cujos autor(es) efetuar(em) o pagamento de sua inscrição e com a apresentação oral suas comunicações durante as sessões dos GTs. 



Calendário|

Envio de proposta de trabalho (resumo expandido): Até 10 de março de 2014.
Divulgação dos trabalhos aprovados: 24 de  março de 2014.
Envio de trabalhos completos: Até 21 de abril de 2014.

Pagamento da taxa de inscrição como autor: Até 15 de Abril: R$ 30,00; De 15 de Abril a 01 de maio: R$ 45,00.
Evento: De 12 a 15 de maio de 2014.


domingo, 26 de janeiro de 2014

«Wall Street é o equivalente moderno da mafia»

Entrevista com Martin Scorcese

Falando sobre o seu filme mais recente, Scorcese explica a equivalência que identifica entre os métodos do capital financeiro e os da mafia: ambos acumulam riqueza sem olhar a meios. Mas enquanto os gangsters são socialmente proscritos, os banqueiros são vistos como exemplo do estofo que é necessário “para vencer”.

Adicionar legenda
Nouvel Observateur – Então, Wall Street é o equivalente moderno da mafia?

Martin Scorsese – Exactamente. O herói de «O lobo de Wall Street», Jordan Belfort, é irmão de Henry Hill, o personagem de «Um dos nossos» [Goodfellas]. Este último chegava a ter tudo, dinheiro, mulheres, cocaína, enquanto ia ascendendo na hierarquia da mafia. Em Wall Street muda a decoração e, aparentemente, a moralidade é mais refinada, mas é a mesma coisa. Socialmente não é aceitável ser um gangster. Pelo contrário, é correcto fazer dinheiro graças ao sistema, sejam quais forem os meios.

Onde está a linha divisória?

Interrogo-me sobre isso. Quando era pequeno, observava as pessoas do meu bairro italiano: era uma coisa cheia de contrastes. Estavam ali os que tinham uma aura de responsabilidade e estavam os que a não tinham. Eu sabia que entre os excluídos havia pessoas boa, mas que era tratada como rufiões. Era tudo uma questão de imagem.

Na sua opinião, o que é que fez cristalizar esta visão da sociedade?
Na minha adolescência vi a «Ópera dos três vinténs” que me abalou. A obra foi levada à cena em Greenwich Village e nunca me esqueceu o final. Quando vêm prender Mackie o Navalha, pede a palavra. Conta o que fez e é exactamente o mesmo que Chaplin em «O senhor Verdoux»: volta as suas próprias acusações contra os seus acusadores: «O que é roubar um banco? Fundar um banco não é a mesma coisa?», pergunta. Para ele as duas morais são iguais.

O seu herói comporta-se como um lobo, como diz no título do filme…

Sim, o mundo da finança tornou-se mais brutal e lá reina a violência. Entre a «Ópera dos três vinténs» e «O lobo de Wall Street» há uma distância galáctica, mas para pior. Tentei mostrar esse extraordinário desbocamento. Quando mais nos afundamos neste sistema, mais aumenta o perigo à nossa volta.


Normalmente, os seus personagens vivem uma ascensão, um paraíso momentâneo, uma queda e depois uma redenção. Mas aqui não há redenção. Já não acredita nela?

Tenho muito medo que não haja redenção possível para os lobos. Proceder a vendas, fechar compras, ganhar, que prazer! Isso não se pode esquecer nem apagar. Portanto, não redenção possível.


Falta-lhe então a sua fé católica?

Desespera-me o que vejo à minha volta.


Onde está o Scorcese do «Touro Selvagem»?

Desapareceu com os valores da época, que já mudaram. Hoje em dia, tudo o que se ensina aos jovens é que há que tornar-se rico.


É pessimista?

Sou um pessimista… com esperança.


Então converteu-se em Woody Allen?

Ah, ah, ah! (ri ás gargalhadas) … Não uma questão de conversão, há que continuar a lutar. Sinto-me sempre decepcionado, mas volto a começar do zero. Volto a amiúde um homem que considero um velho amigo, Albert Camus. Acabo de reler «A peste», e é uma filosofia que me agrada: estamos no absurdo, mas continuamos a acreditar no homem.


Teriam que o excomungar.

É o quer me diz por vezes o meu director espiritual, o padre Francis Princípe. Tem 86 anos e levava-me pela mão quando ei tinha 11 anos. Celebrámos há umas semanas os 60 anos da sua ordenação. Fez-me ler Graham Greene e Camus! Foi ele quem me fez pensar que talvez não houvesse o pecado original…


Heresia! Para a fogueira!

(ri às gargalhadas) … Sou um católico falhado, isso é verdade, o que me permite fazer filmes, trabalhar na indústria do espectáculo. Caso contrário não faria concessão alguma. Rezaria constantemente. Fazer filmes significa ter uma ligação com o mundo exterior, confrontar-se com ele.


O senhor faz um filme de dois em dois anos. Porquê esse ritmo?

Tenho consciência de que o tempo passa: Não tenho muito à minha frente. E há ainda tantos filmes para fazer! Tenho pânico. Desbaratei um período da minha vida.


Nos anos 70, quando estava agarrado à cocaína…

Sim. Eu era como o Leonardo DiCaprio em «O lobo de Wall Street»: queria ir até ao limite. Estive a ponto de morrer. O dia em pude olhar para mim-próprio, vi um homem que era uma fraude. Confesso que há certos elementos na personagem de Leonardo DiCaprio que são autobiográficos. Vivi uma temporada chalado. Acabara de rodar The Last Waltz, que tinha sido o tope da loucura e tinha começado a trabalhar no «Touro Selvagem». Tudo mudou. Eu não sou como o Mackie o Navalha, que não fabrica nada, não produz nada. Eu acredito! E isso pressupõe uma diferença do caraças!


O cinema salvou-o?

Precisamente. Eu queria fazer coisas, contar histórias, dirigir filmes. Estava raivoso. Com a coca era impossível. Era um beco sem saída.


O que é que o guia no seu amor pelo cinema?

O coração. Quando faço um filme quero encontrar o coração que bate na história que conto. ´Foi uma coisa que tive de perder em «A cor do dinheiro»: não lamento ter feito este filme, mas realizei-o como uma forma de terapia. Fazia-me falta voltar a levantar-me. Paul Newman ofereceu-me essa oportunidade como um verdadeiro cavalheiro. Mas o meu objectivo último, no fundo, era «A última tentação de Cristo»: quando rodei este filme soube que tinha sobrevivido. Peguei no exemplo de John Cassavetes, de quem admiro o seu entusiasmo. Adoro «Faces»…


Filmou uma boa parte de «O lobo de Wall Street» em digital…

Sim…Tinha feito tentativas com «Hugo», mas já não é possível fazê-lo de outra maneira. Prefiro a película química, mas é uma coisa acabada, é uma batalha perdida. O que sinto falta é do negativo. Há qualquer coisa na qualidade de um rosto no celulóide que não se encontra no digital. O grão, a respiração, não sei…O digital muda totalmente a nossa forma de ver.


Como?

Quando vejo uma película antiga, «Casablanca», por exemplo, restaurada digitalmente, percebo coisas que antes não via. Afecta todo a película. Há obras que não posso voltar a ver em celulóide, são demasiado imperfeitas. O digital dá-nos uma precisão cirúrgica. Não há lugar para a imprecisão, a dúvida. Já não se suporta. De repente, pode ser que mude toda a história do cinema. Pelo menos a visão que temos dela. Talvez nós atribuamos a qualidade da película de nitrato de prata da época do cinema mudo.


De repente também se redescobrem certos filmes.

Sim. Na minha adolescência vi pela primeira vez o «Cidadão Kane» e o «Terceiro Homem», no écran televisivo. Quando voltei a vê-los no grande écran fiquei desanimado. Volto a vê-las no digital e fico desalentado. Até num tablet são geniais! A alma destes filmes sobreviveu, seja qual for o suporte.


O que é que orienta as suas escolhas na hora de rodar?

Os personagens. Não a história. Fascina-me o comportamento dos personagens. Hoje em dia vivemos na ditadura do «storytelling»: faz falta que haja peripécias, aventuras, sucessos. Quando Fellini fazia «La dolce vita» não contava uma história de A a Z: deixava avançar os personagens em situações que não eram necessárias, seguia-os, observava-os e o filme construía-se assim. Os actos dos personagens davam-lhes profundidade, uma existência de verdade. Com Leonardo DiCaprio estamos completamente de acordo nisto. Perguntam-me amiúde por que razão trabalho com ele: já são cinco as vezes que colaborámos. E eu respondo: por que não? Partilhamos a mesma ambição. Revelar…


E é?

Qualquer coisa da natureza humana. Não há outra coisa que interesse. A arte é isso., nada mais do que isso!



Tradução de José Paulo Gascão


sábado, 25 de janeiro de 2014

EE.UU. sufre nueva derrota ante Cuba y la CELAC

EE.UU. apostó por debilitar la CELAC antes y después de la cumbre celebrada en Chile, en 2013. Pero su plan fracasó. La II Cumbre no solo que ya es una realidad, sino que se lleva a cabo en Cuba. Toda una pesadilla para la burguesía imperial y una victoria más para Fidel Castro y Hugo Chávez, y un avance en el resurgimiento del profundo sentimiento latinoamericanista.
Las acciones encubiertas que la diplomacia y los servicios secretos estadounidenses han desarrollado en los últimos meses para boicotear laII Cumbre de la Comunidad de Estados Latinoamericanos y Caribeños (CELAC), han fracasado. Cuba es la sede de la importante cita internacional en la que se tomarán medidas concretas para combatir el hambre y la pobreza, profundizar la marcha hacia la independencia financiera, hacer ajustes a la integración emancipadora y avanzar en la dirección de convertir la región en zona de paz.
La sola lectura de cada uno de los temas que abordará la cumbre de la CELAC –un organismo de articulación latinoamericano que combina su condición de espacio de integración y plataforma de concertación política-,es como para dejar preocupada a la burguesía imperial que está al frente de los Estados Unidos, cuya hegemonía en la región, considerada desde principios del siglo XIX como su retaguardia estratégica, está no solo con tendencia a la baja sino que se enfrenta a una América Latina que desea participar activamente en la reconfiguración del orden global. Es más, esta región ocupó un rol fundamental en el aceleramiento de la crisis del mundo unipolar y anticipa, como se ha dicho, jugar un papel gravitante en la estructuración del mundo unipolar con primacía del Asia-Pacífico.
A eso, que no es poco, hay que sumar la extremada molestia de la ultraderecha estadounidense por el solo hecho que la cumbre latinoamericana tenga por sede a Cuba, la mayor de las Antillas que se le escapó de su control el 1 enero de 1959 con el triunfo de la revolución encabezada por Fidel Castro y a la cual no ha podido derrotar pese a la dureza del embargo comercial, económico y financiero que la inmensa mayoría de los países del mundo han condenado por veinte y dos veces consecutivas en las Naciones Unidas.
Es decir, dos grandes grupos de razones explican la ciega persistencia de los Estados Unidos para hacer fracasar la reunión de los 33 países de América Latina y el Caribe, cuyo punto más alto será alcanzado el 28 y 29 de enero con la presencia de los presidentes y jefes de Estado.
Un primer grupo de razones tiene estrecha relación con el presente y el futuro de Cuba, el primer estado socialista de América Latina que se ha mantenido fuerte a pesar de las distintas formas de guerra que ha padecido de parte de EEUU en 55 años de revolución. Los sectores más conservadores se asumen derrotados en la aplicación de una política exterior que, con diversos métodos, apostó por aislar a Cuba de todo el mundo y particularmente de la región. “El intento que comenzó con el nacimiento de la revolución de aislar a Cuba ha fracasado totalmente y en este momento lo único que sufre un profundo aislamiento es la política norteamericana en relación con Cuba”, dijo el canciller cubano Bruno Rodríguez a la prensa internacional concentrada en La Habana.
Y el canciller cubano tiene razón. La presencia de todos los países latinoamericanos y caribeños en La Habana es asumido por la derecha internacional como un respaldo al gobierno y pueblo cubanos que desde hace cerca de tres años, con el liderazgo histórico de Fidel y la presidencia de Raúl Castro, se encuentran “sin prisa pero sin pausa” en pleno proceso de actualización del socialismo.
El segundo grupo de razones tiene que ver con América Latina y el Caribe. EEUU no puede quedar indiferente ante el fortalecimiento de la CELAC como espacio de resurgimiento del proyecto latinoamericanista levantado por Simón Bolívar, y mucho menos ante medidas que incrementen aún más su notoria pérdida de hegemonía e iniciativas que conduzcan a un progresivo desmonte de supresencia militar.
Vayamos por partes. La CELAC, fundada en diciembre de 2011 en Caracas tras una cumbre anterior que se celebró en Rivera Maya (México) en 2010, ha ido cobrando protagonismo poco a poco, y aunque uno de sus principales arquitectos –el Cmte. Hugo Chávez- ya no está físicamente, el impulso con el que nació a la vida la ha conducido, tras que Cuba asumiera la presidencia Pre Témpore después de Chile, en el principal interlocutor de América Latina y el Caribe. El organismo latinoamericano reúne a gobiernos de izquierda, progresistas y de derecha de la región, lo cual es un gran triunfo, sobre todo si se considera el papel cumplido por el Sistema Interamericano de dominación construido por EEUU desde la mitad del siglo XX con la OEA.
La artillería silenciosa desplegada contra la CELAC es cuestión prioritaria para la clase dominante imperial. Resulta para ella inaceptable que ese organismo se vaya convirtiendo, conforme pasa el tiempo, en una especie de plataforma mayor o gran paraguas entorno al que confluyen o están protegidos otros esfuerzos subregionales de integración y de concertación política como el ALBA –el motor de todo esto- y la Unión de Naciones del Sur (UNASUR), así como la CAN, el MERCOSUR y el CARICOM.
Entonces, el malestar no puede ser menor. América Latina y el Caribe representan, para Estados Unidos, una zona estratégica que debe estar bajo su control. El anuncio del secretario de Estado, John Kerry, de que la región ya no era más el “patio trasero” para los EEUU no ha logrado disminuir la pérdida de hegemonía de ese país ni mucho menos desactivar la apuesta de la mayor parte de los países latinoamericanos por la relación Sur-Sur. Es más, la afirmación de que la “Doctrina Monroe” había llegado a su fin no ha logrado el efecto que se esperaba y más bien ha quedado al descubierto la participación imperial en el atentado contra Evo Morales el 2 de julio de 2013, cuando a su avión presidencial se le negó cruzar por espacio aéreo europeo, y la activa participación de los servicios secretos estadounidenses en los planes de desestabilización que se despliegan contra la revolución bolivariana y el presidente Nicolás Maduro.
El fracasado boicot de EEUU contra la cumbre latinoamericana también explica la enorme preocupación de la burguesía imperial por la creciente influencia en la región por parte de China y en menor medida Rusia, particularmente en temas de negocios e inversiones. Minar el campo para que no se articulen los BRICS con América Latina y sus distintos proyectos subregionales y la CELAC es una prioridad estratégica para Estados Unidos. Obviamente, como la política es la economía concentrada, detrás de la posición de EEUU está su marcado interés por “tener a mano” las reservas de petróleo y gas, agua dulce, biodiversidad y minerales que hay en la región. Uno de los instrumentos que EEUU impulsa para restablecer su control de la región y apoderarse de nuevo de los recursos naturales es la Alianza Pacífico, un proyecto de retorno del ALCA.
Otra de las razones para que el imperio haya apuntado contra la II Cumbre de la CELAC es que crece el consenso, como anunciara Cuba,para declarar a la región, como zona de paz. Eso implica cuestionar la presencia de más de un centenar de bases militares estadounidenses y la denominada IV flota, creada inicialmente durante la II Guerra Mundial y restablecida en julio de 2008 para recorrer toda América Latina.
La propuesta de “zona de paz” interpela también abiertamente la presencia británica en las Malvinas argentinas, la base militar estadounidense en Guantánamo (al extremo sureste de Cuba) y la virtual ocupación territorial de Puerto Rico, cuya causa independentista ha sido levantada en alto por el presidente Nicolás Maduro, quien ha sostenido que ese país debe ser parte de la CELAC. También está, implícitamente pero no por eso menos fuerte, el apoyo a los diálogos de paz que se llevan adelante en La Habana entre el gobierno colombiano y las FARC-EP.
América Latina, ese “espacio vital” para los EEUU, está recorriendo un camino de mayor autonomía y eso es algo que el imperio no puede tolerar.
FONTE: CubaDebate